As 2000 propostas de alteração ao OE entregues pelas Oposições pretendem fazer crer que é através do aumento dos já elevados gastos públicos que se resolvem todos os problemas da economia e dos cidadãos. Não é, e é mesmo intolerável que o Estado absorva 45% do PIB anual, enquanto as administrações públicas apenas contribuem para esse mesmo PIB com menos de 25%. A haver propostas, deveriam ser as que apoiassem o relançamento da economia, pois é a economia que sustenta as finanças públicas, os rendimentos das famílias e a justiça social. E porque dá ainda um contributo relevante para os próprios resultados eleitorais, dependendo, claro está, do modo como os seus efeitos são apercebidos pelas populações.
Ainda agora, uma exaustiva análise da NBC News revela que a economia e a imigração foram os temas que mais motivaram os americanos na ida às urnas, 39% e 20%, respetivamente, e que foi a situação da economia familiar que decisivamente determinou o sentido de voto. Assim, 74% dos cidadãos que sentiram com dureza a perda de poder de compra votaram nos Republicanos, enquanto 77% dos que não a sentiram tanto votaram nos Democratas. Um resultado confirmado pela segmentação do voto por classes de rendimento: as classes com rendimentos até 100.000 dólares anuais e em que o eco da inflação e da imigração é grande, votou maioritariamente nos Republicanos, enquanto quem tinha um rendimento superior votou maioritariamente nos Democratas.
O sentido do voto dependeu não tanto do nível da atividade económica, com boas taxas de crescimento e baixo desemprego, mas sobretudo do seu impacto na economia familiar, que não é imediato.
Também ajudou ao desaire democrata que o partido se esquecesse dos seus votantes tradicionais e pensasse que a relevância dos temas do aborto, do racismo, da polícia, dos cuidados de saúde ou das alterações climáticas juntos aos votos étnicos e de minorias lhe trariam o pleno da vantagem eleitoral, o que aliás só aconteceu na votação do grupo LGBT.
E tão distraídos com tais temas, os Democratas esqueceram a economia e entregaram aos Republicanos o voto das maiorias e de quem viu a sua situação pior que há quatro anos.
Por cá, e bem mais grave, com a economia não apenas esquecida, mas combatida por uma mediática ideologia anti-mercado, quem perde é o país.
Economista