Apesar dos níveis baixos de desemprego que o país tem registado, ainda é difícil encontrar trabalho num curto espaço de tempo, como três meses. Dos 298,8 mil trabalhadores à procura de emprego, no primeiro trimestre, 243,2 mil, ou seja, 8 em cada 10 (81%), ainda não tinham conseguido ser contratados ou passaram a inativos, segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicado esta terça-feira.
Desdobrando os dados, é possível verificar que, do total de pessoas desempregadas, 174,4 mil (56,5%) permaneceram nesse estado e que 68,8 mil (22,3%) transitaram para a inatividade, "o que significa que deixaram de procurar ativamente emprego ou de ter disponibilidade para começar a trabalhar, ficando assim mais afastados do mercado de trabalho", esclarece o INE. Apenas 65,3 mil, isto é, 21,2%, conseguiram encontrar trabalho.
No que diz respeito ao número de inativos, o gabinete de estatísticas revela que, no segundo semestre, houve uma subida de 0,3% de 3 481 para 3 490 trabalhadores nessa situação, face aos primeiros três meses do ano. A maioria manteve-se neste estado, do primeiro para o segundo trimestre. Apenas 2,9% transitaram para o emprego, enquanto 2,3% ficaram desempregados.
Relativamente às oscilações entre tipo de contrato, foi maior o crescimento dos trabalhadores independentes que conseguiram um emprego por conta de outrem: "Transitaram para um trabalho por conta de outrem 10,4% (75,0 mil) das pessoas que tinham um trabalho por conta própria. Em contrapartida, 1,8% (73,4 mil) das pessoas que tinham um trabalho por conta de outrem transitaram para um trabalho por conta própria", segundo os dados do INE.
A estabilidade laboral melhorou, uma vez que, dos trabalhadores por conta de outrem que, no primeiro trimestre, tinham um contrato de trabalho com termo ou outro tipo de contrato, 20,6% (137,1 mil) passaram a ter um contrato sem termo, no segundo trimestre. E 17,0% (65,9 mil) dos empregados a tempo parcial conseguiram um trabalho a tempo inteiro.
Quanto ao número de pessoas que estavam empregadas no primeiro trimestre, 96,6%, isto é, 4 736,3 mil, permaneceram nesse estado, enquanto 0,9% (43,5 mil) transitaram para o desemprego e 2,5% (121,0 mil) passaram para a inatividade.
Contabilizando as entradas e saídas no mercado de trabalho, o INE conclui que "o fluxo líquido do emprego foi praticamente nulo", em termos de variação trimestral. Já "o fluxo líquido do desemprego foi negativo e estimado em 9,6 mil pessoas", o que é positivo, uma vez que houve menos pessoas a entrar no desemprego (124,4 mil) do que o total das que conseguiram sair desse estado e encontrar trabalho (134,1 mil).