Nas semanas que antecederam o lançamento do Galaxy S8, a Samsung correu um anúncio na TV norte-americana exclusivamente dedicado aos novos testes de segurança das baterias. Os mais duros requisitos de sempre, um processo de verificação de oito pontos que vai muito além das regras da indústria, prometeu a marca. A campanha endereça o legado desastroso do Galaxy Note 7, o malfadado ‘phablet’ que fez explodir a estratégia da empresa devido a baterias defeituosas..O impacto do desastre do Note 7 não pode ser subestimado e vai muito além dos custos financeiros – 4,6 mil milhões de euros gastos na recolha e 120 milhões no reforço da segurança do produto, além das vendas perdidas. O escândalo não só fez a Samsung perder a liderança do mercado mundial de smartphones para a Apple, o que não acontecia há dois anos, como também a atirou de primeiro para quinto lugar no importantíssimo mercado chinês. A fasquia está tão elevada que o S8 e o S8+ são, de facto, os smartphones do vai ou racha..As primeiras impressões dizem que vai. Estes novos Galaxy não são revolucionários em si, mas colocam a Samsung de volta no topo porque serão os melhores do mercado quando saírem, no final do mês. O design quase sem moldura nem botões, que aproveita todo o espaço disponível para o ecrã, ditará uma tendência – ainda que a colocação do leitor de impressões digitais na traseira, junto à câmara, não tenha sido a ideia mais brilhante que a marca já teve..Mais interessante que isso será ver a evolução da Bixby, a nova assistente digital alimentada a inteligência artificial que vem substituir a S Voice e tentará colocar a Siri a um canto. Para já, reconhece apenas quatro línguas, o que é demasiado limitado, e ao que parece as suas capacidades “fora da caixa” ainda são poucas. Isso deverá mudar à medida que o sistema se for desenvolvendo e aprendendo..Mas é no desempenho que está a chave, embora essa não seja a diferenciação mais visível. O S8 e o S8+ são os primeiros smartphones do mercado a integrarem o novo chip da Qualcomm, o Snapdragon 835, com um novo método de processamento e maior eficiência na distribuição da carga. E maior duração da bateria, algo de que a Samsung se calhar não quer falar muito neste momento..A outra funcionalidade interessante é a adição de reconhecimento facial para desbloquear o telefone, mas este dado biométrico não está a correr tão bem quanto o esperado – alguns críticos já conseguiram desbloquear os modelos com uma selfie. Será que o sistema não distingue uma cara a três dimensões de uma fotografia?.Seja como for, as expectativas de venda são elevadas, apesar do preço premium – 819,90 euros para o S8 e 919,90 para o S8+. Os analistas esperam que a chegada dos smartphones abrande as vendas dos iPhones da Apple durante o segundo trimestre, mas a marca de Cupertino tem as mangas cheias de cartas. É que o iPhone 8 será a edição que assinala dez anos de mercado para o smartphone que mudou tudo. E agora é ver como é que o império da maçã, temporariamente na liderança do mercado, vai contra-atacar o salto da Samsung.