2025 promete!

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Quando The Economist, uma revista insuspeita, escolhe para palavra do ano “caquistocracia”, isto é, o governo dos piores, razão deve ter. A redação admite que a lista dos primeiros nomeados, por Donald Trump, para o governo e outros altos cargos, influenciou a decisão. Tudo não passaria de uma curiosidade não fora tratar-se da democracia, e economia, mais importantes do mundo: colocar a dirigi-la cidadãos pouco escrupulosos e ainda menos qualificados, não é um bom augúrio. A mistura tende a tornar-se explosiva quando se lhe soma um tecnolibertário, todo-poderoso e sem pudor, e o histórico do primeiro mandato de Trump. “Might is right” é o lema. Para já, a julgar pelas sondagens, os americanos aprovam a aposta. 2025 promete… 

Na verdade, sobram mais perguntas que respostas. Cumprirá Trump a ameaça protecionista? Ou prevalecerá a lógica que sujeita aos interesses comerciais a política externa? Neste caso, o que tem a Europa para oferecer? A proverbial habilidade negocial de António Costa talvez nos venha a ser muito útil. A questão geopolítica central será, porém, a relação EUA-China. Como atuarão os americanos perante a postura militar chinesa, mais agressiva que aquando do primeiro mandato de Trump? Manterá este a ameaça de impor uma taxa de 60% nas importações da China, avançando para o desemparelhamento das duas economias e os riscos inerentes? Ou, como algumas declarações recentes parecem sugerir, a sua costela mercantil prevalecerá, mesmo que à custa dos tradicionais aliados? Ou…   

Entretanto, se Musk for bem-sucedido, seja na reestruturação da máquina administrativa, seja na desregulação que permita a aceleração do desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, o seu brilharete será uma dor de cabeça para Trump, pelo aumento de desemprego associado. Acrescente-se o potencial inflacionista das eventuais barreiras alfandegárias e teremos um teste duro à “teatrocracia” que foi capaz de impor e à sua notável capacidade de pantomineiro. 

 Há, porém, mundo para além dos EUA. E há Portugal.  

Espero o leitor em 2025, um ano que promete. Bom 2025! 

Alberto Castro, Economista e Professor Universitário

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