O governo decidiu extinguir a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Agência Nacional de Inovação, fundindo-as num novo organismo, a Agência para a Investigação e Inovação. De facto, tornava-se necessário criar condições para que o investimento em inovação e desenvolvimento respondesse aos desafios da competitividade, o que não vinha acontecendo. Já em 2004, aquando do alargamento da União Europeia a mais 10 países, a Comissão Europeia apontava a investigação e a inovação como um dos grandes objectivos para Europa, acentuando que dela dependiam a competitividade e o crescimento económico. Entendendo a inovação como a criação de novos produtos comercializáveis, pois só esses geram empregos e desenvolvimento, a Comissão propunha uma política de I&D que apoiasse as empresas e diminuísse o atraso europeu. Não tem sido esse o resultado da política de investigação tecnológica portuguesa. Os milhões gastos nas universidades, centros e laboratórios estatais não trouxeram melhoria significativa na competitividade do sector produtivo. Que produtos inovadores trouxeram ao mercado? Que patentes comercializáveis produziram? Que incremento criaram para a economia? Reconhecendo-se a importância da investigação fundamental e a existência de notáveis organismos públicos nessa área do conhecimento, a situação do país exige que os recursos da nova Agência devam cobrir prioritariamente as necessidades da economia, apoiando o esforço do sector empresarial que representa já cerca de 62% do investimento em I&D. Há, pois, que aumentar as sinergias com as empresas e desenvolver parcerias de investigação aplicada, com objectivos, hierarquias, metas e orçamentos bem definidos. E dar um acrescido impulso a instrumentos existentes como as bolsas de doutoramento em meio empresarial ou os programas de inserção de doutorados nas empresas, tornando-os verdadeiramente atractivos para empresas e académicos qualificados. Compete à nova Agência cumprir o objectivo da sua criação, uma maior ligação da investigação à inovação, transformando despesa em investimento e investimento em retorno aos cidadãos. Definido assim o caminho, há que reagir a quem o contesta, agitando o espantalho do menosprezo da ciência face à economia, mera nuvem de fundo para esconder interesses particulares ou corporativos.* Economista