Desafios da habitação nos centros urbanos: casa usada vs. casa nova
O problema da habitação é uma questão premente nas grandes cidades, onde a procura por casas acessíveis tem superado em muito a oferta disponível. O tema tem gerado um forte debate na esfera pública, sendo consensual que só se resolverá com uma política que permita uma contenção de preços. Apesar de a solução parecer ter de passar indubitavelmente pela adoção de medidas concretas no âmbito político e legislativo, enquanto isso não acontece, temos conversado sobre soluções que permitam às famílias manter-se nos centros urbanos.
Uma destas soluções passa necessariamente pelo recurso a casas usadas em detrimento da construção nova. Esta tem sido naturalmente uma escolha cada vez mais frequente, até pela escassez de casas novas, mesmo que implique gastar algum dinheiro em obras.
Isto acontece, sobretudo, pelo facto de ser extremamente desafiante, para a maior fatia da população, encontrar uma casa nova no centro da cidade a um preço acessível. Neste cenário, as casas usadas apresentam-se como a única alternativa viável, por vários motivos.
Primeiro, se a localização for um fator importante, mas o orçamento for controlado, será sempre mais fácil encontrar uma casa usada a preços alcançáveis à maioria da população.
Também contam as dimensões e variedade tipológica. Tradicionalmente marcadas pelas suas múltiplas divisões, as casas usadas podem parecer mais complexas, mas oferecem maior versatilidade para renovação e personalização arquitetónica.
O tempo e o investimento também têm de ser tidos em conta. Uma casa usada pode compensar pelo facto de se poder personalizar, mas tem de ser feita uma avaliação correta do estado do imóvel, para evitar dissabores, assim como são necessárias equipas de confiança na construção. As obras podem exigir um investimento adicional, mas o resultado é uma casa adaptada às necessidades de cada pessoa – para este passo é importante ter um arquitecto e engenheiro de confiança que possam atestar a qualidade da construção.
A isto tudo isto acresce uma vantagem financeira nos impostos a pagar, a diferença pode ser significativa entre comprar novo e usado. Por exemplo, o IMT é geralmente mais baixo, porque o próprio valor da compra é menor, e o mesmo se aplica ao IMI, uma vez que a avaliação de uma casa usada tende também a ser inferior, pois a idade do imóvel influencia na avaliação e se a casa for um imóvel classificado está mesmo isenta de IMI.
A escolha entre uma casa nova e uma casa usada vai depender sempre de vários fatores, considerações financeiras, localização e preferências pessoais. A compra de uma casa usada até pode oferecer vantagens significativas, especialmente em termos de custo e localização, mas continua a ser crucial reconhecer que esta opção não é suficiente para resolver o problema da habitação nos centros urbanos. É essencial que se façam esforços no sentido de estimular a construção para a classe média, com o compromisso de juntar a construção nova com preços de mercado acessíveis à classe média.