Há 50 anos, a nacionalização da Banca…
A data de 14 de Março de 1975 não é para comemorar, apenas para lembrar que foi nesse dia que ocorreu o flagelo da nacionalização da Banca, a que se seguiu a de relevantes sectores económicos. Foi o culminar de uma série de atentados que o PREC desenvolveu contra a economia e arruinaram as principais empresas, grupos económicos e sectores estratégicos.
Capital, trabalho e racionalidade económica foram na voragem das “conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras”, proclamadas nos comícios que aplaudiam o controlo estatal da economia, o fim dos monopólios, a luta contra o capital e a burguesia, sabotadores da actividade económica e sustentáculos do fascismo.
À época, além da CGD, havia um grupo de bancos privados dominantes, BPA, BES, BPSM, Totta, BNU, BBI, Fonsecas a que se juntavam outros bem mais pequenos (Agricultura, Pinto de Magalhães, Alentejo, Algarve, Visiense, Fernandes de Magalhães), sendo o conjunto completado pelo Banco de Fomento e Banco de Angola.
A banca da altura estava longe de ser perfeita, mas mostrou ser capaz de dar um forte impulso à economia. Nos 5 anos anteriores, o PIB cresceu bem acima de 6% ao ano, com destaque para 1970 e 1972, em que o crescimento foi de 7,3% e 9,7%, respectivamente.
Saneados os administradores e muitos quadros de topo e intermédios, as novas administrações foram escolhidas em função de critérios partidários, em que os comissários políticos predominavam sobre os poucos que possuíam competência e conhecimento de gestão. Pior, a esta hierarquia oficial sobrepunha-se uma outra, constituída pelas Comissões de Trabalhadores e Sindicais controladas pelo PCP que detinham o poder efectivo.
A banca nacionalizada ficou assim ao serviço daquelas comissões, para quem a prioridade era cumprir as tarefas da revolução, discriminando clientes e criando clientelas amigas, induzindo troca de favores, discricionariedade e corrupção.
Honra a quem lutou por uma banca profissional e ao serviço da economia e do país, mesmo que sempre ameaçado pelo cutelo do saneamento.
Passou despercebida a data, mas não pode ser esquecida. Perdemos empresários, empresas e gestores. Empresas e grupos económicos foram descapitalizados num efeito que ainda hoje perdura na economia. E, se capitalização alguma resta, não é nacional, mas estrangeira.
Economista
*O Autor escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico