Portugal e o futuro digital: a oportunidade de liderança do D9+

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O D9, criado em 2016, reúne países nórdicos, bálticos e outros de menor dimensão que lideraram a digitalização nos setores público e privado. Enquanto as maiores economias da União Europeia hesitavam em abraçar a revolução digital, estes países tomaram a dianteira, com a missão de construir um mercado único digital europeu, impulsionar startups e grandes empresas tecnológicas e servir de exemplo para o restante continente.

Porém, o D9+ - agora composto por 13 países desde a sua expansão - tornou-se um grupo mais heterogéneo, composto por países com graus variados de digitalização e áreas de interesse distintas.

A presidência do D9+ é semestral e rotativa, alternando entre os países membros, num modelo que visa que cada um contribua com as suas prioridades e perspetivas para a Agenda Digital Europeia. A cada seis meses, o país que assume a presidência organiza reuniões ministeriais e define os temas de destaque, alinhando as metas do D9+ com os desafios e oportunidades do momento.

Em 2024, a Irlanda presidiu o D9+ no 1.º semestre, com foco em regulamentação digital eficaz, estabilidade para investimentos, promoção dos valores digitais da UE e a criação de condições para o surgimento de unicórnios. No 2.º semestre, a Dinamarca priorizou a integração da tecnologia no quotidiano europeu, a regulamentação pró-consumidor e antitrust, além de abordar a “fadiga do consentimento” e promover uma estratégia para as carteiras de identidade digital.

Neste ano, que agora começou, os Países Baixos e Portugal assumirão, respetivamente, a presidência do D9+ no 1º e 2º semestres. Para Portugal, trata-se de uma oportunidade única para se destacar na transformação digital, promovendo pontes transatlânticas e uma ligação mais forte com a União Europeia.

Há, pelo menos, quatro apostas estratégicas neste sentido: posicionar Portugal como um ponto de ancoragem estratégico para cabos submarinos e data centers europeus, reforçando a resiliência digital e a segurança no contexto global; destacar o país como referência em soluções de Inteligência Artificial responsáveis, com destaque para o trabalho em curso pelo Center for Responsible AI; partilhar e “produtizar” soluções tecnológicas da Administração Pública made in Portugal, como a Carteira Digital Gov.pt, a Plataforma de Serviços Geográficos BUPi ou o Sistema de Anonimização de Decisões Judiciais, promovendo boas práticas para adoção por outros países; e fortalecer a indústria aeroespacial, colocando Portugal na vanguarda deste setor estratégico, alinhado ao reconhecimento estatal do setor como um dos 17 clusters de competitividade nacionais.

Com estas apostas, Portugal pode posicionar-se na vanguarda da transformação digital, ativando os seus setores públicos e privados neste objetivo.

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