Turismo como pilar da democracia portuguesa

Publicado a

A liberdade iniciada a 25 de Abril de 1974 potenciou notáveis progressos sociais e económicos no nosso país. O usufruto do lazer e o desenvolvimento do turismo são dois exemplos claros.

A abertura ao mundo, a relação com outras sociedades e a recuperação de rendimentos ajudou em muito o crescimento do turismo português. O reforço e a melhoria das condições de acolhimento decorrentes dos fluxos turísticos, interno e externo, exigiram mudanças no seu planeamento, na urbanização e construção, nas empresas, na oferta dos serviços e na aprendizagem acelerada de métodos de trabalho, de organização e planeamento de serviços, de técnicas de gestão e de conhecimento de línguas e culturas. Tudo isto num espaço de tempo particularmente curto.

Os resultados dos impactos do turismo são factuais: recuperação e qualificação de recursos endógenos, criação de riqueza e de emprego, reforço das exportações e contributo para o equilíbrio da balança de pagamentos, a par da indução de investimento em atividades conexas. Obrigou a uma aprendizagem acelerada de métodos de trabalho, de organização e planeamento de serviços, de técnicas de gestão e de conhecimento de línguas e culturas. Contribuiu para a modernização da sociedade, alterou hábitos, alargou os horizontes de conhecimentos, proporcionou novas vivências e experiências e afirmou uma imagem de modernidade e progresso do nosso país.

Este seu contributo é fruto de políticas públicas e da ação empenhada de estruturas próprias, mas é-o, essencialmente, do esforço e empreendedorismo dos seus agentes económicos e do seu capital humano que, desde sempre, a par da hospitalidade do povo, o projetaram com visão, permanente inovação e risco próprio.

Se o turismo estaria a ser relevante para a economia, estes 50 anos foram a oportunidade para ele contribuir para o bem-estar das populações, para o desenvolvimento económico e social e para a promoção exterior da nossa cultura e história. Em suma, para a liberdade e democracia no nosso país. Convenhamos, não ser coisa pouca!

Os avanços tecnológicos em curso e os pronunciados para um curto prazo, mormente na esfera da inteligência artificial, trarão alterações significativas ao turismo. Tanto na forma e nas infraestruturas de mobilidade; na dimensão e na natureza do espaço de visita; nas condições do usufruto dos destinos turísticos; nas qualificações e funções do seu capital empresarial e humano; nas motivações e anseios do turista e na gestão do seu ecossistema, com maior sustentabilidade e autenticidade. Para não esquecer a proposta ética e socialmente responsável dos agentes públicos e privados do turismo.

Será por aqui que se fará a “história” do turismo nos próximos 50 anos. Ou seja, pelo seu contributo às causas maiores da humanidade.

* Cientista social, político e cronista

Diário de Notícias
www.dn.pt