O projeto Valorie consiste num sistema curricular de desenvolvimento profissional que atesta e regista as competências dos engenheiros, conforme os atos de engenharia em que cada um adquiriu experiência. Dessa forma, cada profissional terá um curriculum vitae (CV) registado e certificado na Ordem que simplificará as exigências dos concursos públicos.
"Em obras públicas são pedidos os currículos técnicos dos engenheiros e o que acontece é que as empresas ajustam os currículos à medida do que é pedido, criando uma falta de transparência que este novo CV irá contrariar", explicou Fernando de Almeida Santos, presidente da OERN. "Queremos que os decisores, o Governo e a opinião pública exijam o CV certificado pela Ordem, pois é imutável, verificado e cria transparência e confiança pública", completou.
A iniciativa vai incluir os 44 mil engenheiros inscritos na OERN, mas também os representados por três associações galegas e irá contribuir para a validação de um "Cartão Europeu do Engenheiro" capaz de estabelecer equivalências, desde a formação à experiência, entre profissionais de diferentes países. "É um primeiro passo para a exportação do conceito, embora o nosso primeiro interesse seja resolver um problema ao Estado português. Mas obviamente que, tendo de equiparar requisitos internacionais às competências portuguesas, este projeto também vai ser benéfico e privilegiar a mobilidade dos nossos engenheiros", adiantou Almeida Santos.
O objetivo da internacionalização dos engenheiros "é bom quando integrado numa lógica de crescimento das empresas portuguesas, mas não num contexto de emigração", recordou o presidente da OERN, preocupado com a perda de profissionais em Portugal, a par da fraca procura dos cursos superiores de engenharia. "Dentro de três a cinco anos, já vamos ter de importar engenheiros se nada for feito", apontou. A crise em Angola já ajudou ao "regresso de muitos engenheiros", mas Almeida Santos acredita que "serão reintegrados no mercado de trabalho em Portugal com a retoma que já se sente".