Os dados são críticos na definição das remunerações e benefícios

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A área dos recursos humanos continua a enfrentar sérios desafios no que respeita a atração e retenção de talento, com a atual situação económica - em concreto a inflação - a tornar o panorama ainda mais complexo. Mais do que nunca, é fundamental ter acesso a dados que permitam tomar decisões inteligentes no que respeita às remunerações, seja esta financeira ou não financeira.

Não podemos negar a importância da remuneração financeira. Se o colaborador vê o seu poder de compra diminuir e dificuldade de manter a qualidade de vida, provavelmente sente-se menos motivado para o trabalho.

Se durante a pandemia, a prioridade deixou de ser o ajuste salarial e passou a ser a proteção do emprego e da saúde dos colaboradores, passado essa fase a atenção voltou-se novamente para questões salariais e atração e retenção de talento.

De acordo com um estudo recente, o salário dos portugueses deverá subir 4% este ano e, embora a expectativa dos colaboradores seja de que os aumentos salariais acompanhem a inflação, no geral as empresas não o podem ou conseguem fazer, embora nem sempre isso seja entendido por todos os envolvidos. Os salários são um fator fundamental da inflação: a médio prazo, os salários afetam a evolução dos preços, tanto do lado da oferta, dado que salários mais elevados aumentam os custos dos bens e serviços; como do lado da procura, uma vez que salários mais elevados aumentam a procura de bens e serviços e, consequentemente, o seu preço.

Para além das questões salariais, a falta de talento em determinadas áreas, como seja o digital, fenómenos como os Boomerangs (colaboradores que saíram da empresa, mas regressam mais tarde) e os Quiet Quitter (colaboradores que não trabalham mais do que é absolutamente necessário na sua função) e a falta de correspondência entre as competências de quem procura um trabalho e as vagas em aberto estão, também, a marcar o atual contexto do mercado de trabalho. Acresce, ainda, a atual situação geopolítica, a volatilidade das bolsas e incerteza das taxas de juro e as pressões financeiras e de ROI a que as organizações estão sujeitas.

Em termos de tendências relacionadas com a compensação a ter em atenção este ano, destaco o aumento de salários, com as empresas a admitirem revisões regulares e uma previsão de orçamento superior à de 2022 e a revisão de benefícios.

Segundo um estudo recente, as principais razões para o aumento dos salários são a inflação (77%), os mercados de trabalho mais restritos (68%) e a retenção de colaboradores (54%). Já as áreas de trabalho que registam uma maior dificuldade em termos de atração e retenção de talento são o já referido digital, produção e engenharia.

Para combater a escassez de mão-de-obra, e de acordo com o mesmo survey, são várias as medidas que as empresas estão a adotar, nomeadamente ações com vista a melhorar a experiência do colaborador (39%) e alterações nos programas de compensações (36%) e de bem-estar (28%). Fazer ajustes nos intervalos dos salários e proceder a aumentos salariais duas vezes num mesmo ano são outras das medidas que as empresas ou estão a analisar ou a implementar.

É este tipo de informação e insights que nos permite fazer o devido benchmarking para avaliarmos e tomarmos decisões nas remunerações nas nossas organizações, analisando a equidade interna e competitividade externa. São os dados pormenorizados e setoriais que nos ajudam tomar as melhores decisões, não só na ótica do negócio, mas, especialmente, do capital humano, através da melhor Experiência do Colaborador.

Associate Director da WTW Portugal

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