Os milhões que o desporto movimenta na economia local

O desporto é cada vez mais um incentivo na economia local. Há muitas autarquias a saber aproveitar.
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São Martinho do Porto volta a receber este fim de semana o 24 Beach Spinning Tour Portugal, um evento desportivo que no ano passado trouxe um retorno financeiro para esta localidade de 400 mil euros. Cada vez mais municípios do País lucram com iniciativas desportivas. A etapa mundial de surf em Peniche gerou 10.6 milhões de euros. Outro exemplo é Ponte de Lima, que recebeu o campeonato nacional de maratona e tem vindo a apostar cada vez mais na canoagem. E em Lisboa, o golfe atrai cada vez mais turistas estrangeiros.

Este fim de semana, as atenções estão voltadas para “o evento que traz mais gente de fora a São Martinho do Porto”, segundo João Cruz, que faz a comunicação do 24 Beach Spinning Tour Portugal. O maior evento nacional da modalidade de Spinning “prevê receber mais de mil participantes e cerca de 2000 espectadores/acompanhantes”, acrescenta.

Todos os estabelecimentos comerciais junto à praia beneficiam “de forma mais direta da afluência a este evento”, explica João Cruz. “Ao longo dos últimos anos, tem havido um claro investimento não só da câmara, mas também de empresários locais”. A procura é de tal ordem que há um reforço de funcionários nos estabelecimentos e, segundo a mesma fonte, o alojamento nas proximidades estará lotado durante o evento.

Dino Pedras é o fundador do 24 Beach Spinning Tour, o único evento da modalidade que se realiza numa praia. O número 24 indica que os participantes estão a pedalar durante 24 horas.

Milhões gastos em Peniche

Em 2015, durante a etapa de Peniche do mundial de surf foram gastos pelos visitantes um total de cerca de 7.7 milhões de euros, de acordo com o estudo económico do Instituto Politécnico de Leiria de 2016. Os portugueses gastaram em média 38.48 euros por dia. Já os visitantes estrangeiros fizeram uma despesa diária de 148,70 euros. O evento contou com 100 mil visitantes.

A organização e os media contribuíram com mais 1.6 milhões de euros para a economia local. O evento gerou ainda uma receita fiscal de 1.2 milhões. No total, foram gastos em Peniche 10.6 milhões de euros.

O presidente da autarquia, António José Correia, afirmou à Lusa que nos últimos quatro anos os investimentos no concelho ligados ao surf foram de 25 milhões de euros.

A próxima etapa de Peniche do mundial de surf, Moche Rip Curl Pro Portugal, vai decorrer entre os dias 17 e 28 de outubro de 2017.

Ponte de Lima, fábrica de campeões

Em Ponte de Lima, no campeonato nacional de maratona, dias 27 e 28 de Maio, compareceram cerca de 300 atletas. “Podemos facilmente concluir que nos dois dias do nacional, estiveram em Ponte de Lima mais de 1500 pessoas a assistir à competição”, explicou ao Dinheiro Vivo João Carlos Gonçalves, presidente do Clube Náutico de Ponte de Lima.

“No europeu, o número sobe exponencialmente, tanto pelo número de participantes, como pelo impacto e dimensão da prova, que teve transmissão direta para a Hungria e via ‘streaming’ para todo o mundo”, acrescentou.

Nos últimos anos, além do investimento em material para a prática desportiva, o clube investiu em embarcações de apoio e na formação dos atletas 7.500 euros por ano. A autarquia também tem vindo a apoiar a prática do desporto. Em infraestruturas já foram investidos cerca de 600 mil euros, e para formação o Município reserva 20 mil euros anualmente.

Relativamente aos patrocínios do clube, “estão centrados na comunidade limiana, com a restauração, comerciantes e pequenos empresários. O valor global anual dos patrocínios anda à volta dos 10 mil euros, 7.5% do orçamento do clube, que ascende a 150 mil euros. As quotizações dos associados são uma importante fonte de receita, pois o clube conta com cerca de 3000 associados”, referiu o diretor do Clube Náutico.

No último ano letivo, pela primeira vez, a canoagem foi um desporto obrigatório para os alunos dos 3.º e 4.º anos de escolaridade do agrupamento António Feijó, envolvendo cerca de 300 alunos.

João Gonçalves define a atividade do Clube Náutico como “regular” uma vez que “integra nos diferentes escalões, desde a formação à alta competição, cerca de 250 atletas e trabalha em cooperação permanente com três agrupamentos de escolas do concelho, permitindo que cerca de 5000 alunos passem anualmente no Centro Náutico Fernando Pimenta”.

Em Declarações ao Dinheiro Vivo, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Victor Mendes, esclareceu que, “indiretamente, os eventos relacionados com a prática da canoagem dinamizam a economia local de forma muito significativa”, especialmente nas áreas da restauração, alojamento e comércio. Estima-se que estes eventos contribuam com um valor anual na ordem dos 3 milhões de euros. O autarca afirma ainda que "a taxa de ocupação dos hotéis, durante a realização destes eventos é de 100%".

Golfe atrai estrangeiros

O golfe atrai 300 mil turistas anualmente. Portugal recebe 120 milhões de euros em receitas diretas.

A prática deste desporto pelos estrangeiros aumentou de 37% para 41,6%, em Lisboa, segundo o inquérito do Observatório do Turismo de Lisboa, realizado em 2016.

A subida mais acentuada diz respeito aos golfistas que, por já se estarem em Lisboa por outros motivos, aproveitaram para jogar. Houve um aumento de 45,6% face a 2015.

Relativamente ao alojamento, a escolha não foi em vão. Dos praticantes entrevistados, 54,4% optou por dormir num hotel onde pudessem jogar golfe. Sintra, Cascais e Lisboa foram os locais de eleição.

Os estrangeiros do norte da Europa são os que contribuem mais para o aumento da influência do golfe na economia lisboeta. Mais de metade dos entrevistados são do sexo masculino, e têm idades entre 45 e 54 anos.

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