A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) dinamizou esta semana uma iniciativa, integrada no programa da Semana Mundial do Investidor 2020, na qual foi apresentado um estudo, levado a cabo pela Insurance Europe, com os resultados de um inquérito europeu sobre a temática da Poupança e das Pensões para a Reforma, inquérito efetuado a cerca de 10.000 indivíduos em 10 países europeus. Este inquérito surge com o objetivo de promover uma reflexão alargada sobre as tendências europeias em relação à capacidade de poupança para a reforma. Ao incluir Portugal nos países em estudo, permite-nos efetuar uma análise dos dados mais específica sobre as tendências nacionais e como estas se comparam com outros países europeus.
Dessa análise, a grande conclusão a que se chega é que a maioria dos portugueses, 53%, mostra interesse em poupar para a reforma, uma percentagem acima da média europeia mas, paralelamente, referem não dispor neste momento, de capacidade financeira para o fazer. Mostra ainda que 45% dos inquiridos no nosso País, não estão a realizar qualquer poupança privada para a reforma, embora 35% dos inquiridos esperam poder fazê-lo num futuro próximo.
Em sentido contrário, e posicionando-se no final da tabela dos 10 países analisados, apenas 36% da amostra nacional revela estar disposta a pagar por uma proteção adicional, caso viva mais anos do que inicialmente esperado.
No inquérito ressalta, também, que a maioria dos que não poupam são, em primeiro lugar, as mulheres, depois os jovens entre os 18 e os 35 anos e, finalmente, as pessoas com qualificações mais baixas. E, ainda relativamente às mulheres, o estudo mostra também que as pensões das mulheres em Portugal são em média 32% mais baixas que as dos homens. Por último, são também as mulheres que mostram o desejo de conseguir poupar mais.
Estes resultados do estudo da Insurance Europe sobre Pensões e Reformas para Portugal revelam uma realidade sobre a qual é preciso refletir e ter presente quando se definem as políticas públicas, de modo a criar segurança financeira e uma melhor qualidade de vida para a senioridade.
Por outro lado, este estudo surge num contexto em que se regulamenta a nível europeu o PEPP - Pan European Personal Pension Product, um produto de poupança de longo prazo, e que é um dos pilares centrais na estratégia de construção do Mercado Único Capitais da Comunidade Europeia (CMU).
Uma vez aprovada esta regulamentação na Comunidade Europeia, que se espera que ocorra durante 2021, cabe a cada País criar o seu quadro legislativo e regulatório. Portugal necessita, por isso, de se preparar para desenvolver o mercado nacional de poupança que permita o desenvolvimento de produtos alinhados com as diretrizes do PEPP, e assim lograr que a oferta nacional consiga reter as poupanças dos portugueses em Portugal, colocando-as ao serviço da economia nacional.
A atual conjuntura económica, na qual a pandemia da covid-19 expôs as fragilidades da população envelhecida, - não só em Portugal, mas em toda Europa, - torna este o momento oportuno para que esta reflexão seja também traduzida em medidas, capazes de colmatar as vulnerabilidades atuais, para um futuro melhor.
Em suma, os dados deste estudo revelam que existe uma importante apetência dos portugueses em poupar para a reforma e, esta apetência, acontece num contexto em que estão a ser criadas condições, a nível europeu, para dinamizar a oferta disponível para captar poupanças para a reforma.
O setor segurador, com a sua enorme experiência na gestão das poupanças dos aforradores (sendo os PPR prova desta experiência) e em nome da sua missão de grande relevo social na proteção das pessoas e do seu património, está preparado e disponível para, em parceria com os diferentes stakeholders, promover a dinamização do mercado nacional da poupança, essencial para o desenvolvimento da economia nacional. Ao mesmo tempo, queremos contribuir para disponibilizar melhores condições de proteção e bem-estar no longo prazo dos portugueses, condição necessária para uma sociedade mais inclusiva.
José Galamba de Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores