Os portugueses estão a mudar a forma como pagam e, na minha opinião, para melhor. O recente estudo "European Payment Report", realizado pela Intrum, dá nota que 48% dos portugueses inquiridos acredita que o país não usará dinheiro físico dentro de cinco anos, valor significativamente superior ao registado em 2019 (16%), mas que segue em linha com a média europeia (57%), ou seja, já mudámos.
Esta alteração de comportamento foi obviamente provocada pela pandemia causada pela covid-19. Muitas empresas, para sobreviverem, tiveram de começar a aceitar pagamentos à distância, através de Cartão Visa ou MasterCard ou MB Way e nos pontos de venda o pagamento sem contacto tornou-se regra.
Conhecia várias lojas que faziam gala em não aceitar pagamentos digitais. No entanto, logo após o primeiro desconfinamento alteraram as suas ofertas ao nível dos meios de pagamento e agora já os aceitam. Foi esta transformação que foi feita de uma forma muito rápida, que nos obrigou a mudar, e ao que tudo indica já não vai voltar atrás. Atualmente, até pareceria inusitado se nos dissessem que não aceitam pagamentos digitais. A experiência de voltar a pagar com dinheiro é estranha e o estudo prova isso mesmo, que já não queremos pagar em dinheiro.
Mas a mudança também foi possível porque o sistema financeiro estava preparado para responder a esta transformação, principalmente devido às Fintechs, que foram determinantes nesta transformação. O pequeno comércio como o restaurante, o talho ou a mercearia aderiram a soluções digitais, em que na base está uma FinTechs. Os próprios bancos começam também a oferecer aos seus clientes soluções que competem com aquelas que são disponibilizadas pelas FinTechs.
Por outro lado, a autenticação forte nos pagamentos online (2FA) veio oferecer finalmente aquilo que os consumidores pediam. Confiança. Este novo método de confirmação de um pagamento online, veio garantir que é o titular do cartão que está a efetuar o pagamento, e este procedimento faz toda a diferença no momento de pagar, traz confiança a quem recebe e ao consumidor que paga.
Claro que estas transformações podem acarretar riscos associados. Um primeiro, está relacionado com o potencial agravamento das desigualdades, ou seja, os pagamentos digitais não podem ser obrigatórios, o dinheiro tem de existir, ainda que de forma residual, por forma a que quem não possa ou não queira, consiga fazer um pagamento com dinheiro. Um outro risco está relacionado com a pegada digital que deixamos sempre que usamos um meio digital. Este tipo de pagamentos revela a terceiros o nosso estilo de vida e esse facto pode incomodar alguns de nós. Na minha opinião, utilizar pagamentos digitais tem imensas vantagens, para além da segurança, consigo também agregar todos os meus pagamentos numa app e, desta forma, controlar de forma mais célere e eficiente as minhas despesas, face ao meu orçamento familiar.
A pandemia causada pela covid-19 trouxe-nos pouquíssimas coisas boas, mas o alargamento da aceitação dos pagamentos digitais foi, sem dúvida, uma mais-valia para todos.
Sebastião de Lancastre, CEO e Founder da easypay