Os trabalhadores no centro das organizações

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Com as rápidas mudanças do mercado, impulsionadas, entre outros fatores, pela pandemia e a digitalização e, mais recentemente, pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, as empresas, à escala mundial, enfrentam hoje novos desafios. O fenómeno denominado "The Great Resignation", que se traduz na saída de milhares de colaboradores das organizações, por iniciativa própria, é um dos exemplos. A isto, junta-se ainda, entre outros, uma escassez de talento em níveis máximos, que se revela na acentuada dificuldade de as organizações preencherem as vagas que lançam para o mercado, por falta de profissionais qualificados.

Perante este contexto, entende-se que os maiores desafios à atividade das organizações são precisamente os relacionados com os seus trabalhadores. Porém, e apesar de parecer contraditório, é também através das pessoas que estes obstáculos podem ser contornados, sendo para isso vital que as entidades pensem como podem chegar a cada colaborador e aos candidatos, promovendo a sua retenção e atração. É perante isto que é importante pensar sobre as principais prioridades dos profissionais de hoje - o que procuram e desejam - e o que as empresas podem fazer para ir ao seu encontro.

Segundo dados recentes do estudo "What Workers Want", desenvolvido pelo ManpowerGroup, as prioridades dos profissionais têm vindo a mudar ao longo dos anos, sendo cada vez mais exigente acompanhá-las e ter uma oferta que corresponda. Entre os vários aspetos, e indo além de um salário competitivo, os profissionais privilegiam hoje a manutenção da flexibilidade, tanto horária como no local de trabalho, que foi conseguida através dos modelos híbridos e remotos, massivamente adotados durante a pandemia.

Também a formação ganha terreno nas prioridades dos profissionais, que querem cada vez mais desenvolver novas competências, que lhes deem acesso a novas e melhores oportunidades ao longo da carreira. A esta, junta-se ainda a identificação com o propósito da organização e valores e uma crescente atenção à sua saúde mental e bem-estar. Para isso, as empresas devem ir além da vertente profissional, pensando em todas as dimensões da vida dos seus colaboradores. Contudo, os profissionais esperam ainda mais: um impacto positivo da organização no planeta e sociedade, com uma posição vincada relativamente a questões sociais e ambientais.

Face a esta tendência, é preciso que as empresas apostem numa maior diversidade de incentivos para os seus atuais e potenciais colaboradores, sendo que muitas empresas nacionais já estão a percorrer este caminho. Segundo o estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o quarto trimestre de 2021, depois dos benefícios financeiros como os aumentos salariais e bónus, outras opções ganham uma importância crescente nas suas estratégias de atração de talento.

Hoje, mais de metade dos empregadores estão a rever as suas propostas de valor, no sentido de desenvolver a formação e o reforço de competências. Esta é uma resposta aos problemas de hoje, mas também de amanhã, já que o desenvolvimento de programas de reskilling e upskilling permitirá aproximar os profissionais dos atuais e futuros empregos, que ainda serão criados. Também a flexibilidade é cada vez mais considerada pelas empresas, seguindo-se outros benefícios não financeiros, como férias.

Por tudo isto, percebe-se que as empresas estão hoje cada vez mais atentas ao que os profissionais mais procuram, procurando posicionar realmente os seus trabalhadores no centro da organização, fomentando o seu bem-estar e a ligação com os seus valores e missão. Este esforço fomentará ainda, em última instância, o próprio sucesso da organização num mercado cada vez mais competitivo, ao conseguir atrair e fidelizar o melhor talento.

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