Óscares. Plataformas de "streaming" devem vencer Melhor Filme pela primeira vez

Os favoritos ao Óscar de Melhor Filme prepararam-se para dar a um "streamer" uma vitória histórica nos prémios da Academia
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A 94ª edição dos Óscares, que serão entregues em Hollywood pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas a 27 de março, está a posicionar-se para uma série de conquistas históricas. Este pode ser o ano em que o primeiro homem surdo, Troy Kotsur, vence um Óscar, pelo papel em "CODA - No Ritmo do Coração."

Pode também ser a edição que dá a Jane Campion o segundo Óscar, por "O Poder do Cão", numa altura em que apenas duas mulheres venceram a estatueta de Melhor Realização em quase cem anos de história. E com dois filmes destacados na corrida a Melhor Filme, este deverá ser o ano em que a categoria mais cobiçada é ganha por uma plataforma de "streaming".

A crescente influência dos maiores "streamers" do mercado na televisão e no cinema tem sido evidenciada a passos largos na temporada de prémios, ainda que estas plataformas tenham logrado menos nomeações aos Óscares que em anos anteriores. No entanto, a predisposição das associações de Hollywood para premiar as produções de "streamers" é óbvia.

Nos Óscares, é a Netflix que vai na frente com 27 nomeações, 12 das quais para "O Poder do Cão", que tem hipótese de levar as categorias mais apetecidas, e passando por "Não Olhem Para Cima" e "tick, tick...Boom!" A empresa investiu 17 mil milhões de dólares em conteúdos originais em 2021.

Segue-se a Apple TV+, que está a gastar cerca de 7 mil milhões ao ano e fez um brilharete com seis nomeações, divididas entre "CODA - No Ritmo do Coração" e "A Tragédia de MacBeth". E também os estúdios da Amazon poderão ser premiados, com quatro nomeações - três para "Being the Ricardos" e uma para "Coming 2 America." A Amazon, que no ano passado despendeu 13 mil milhões em conteúdos de vídeo e música, está no processo de adquirir os estúdios da MGM por 8,5 mil milhões.

No rescaldo de uma temporada de prémios dividida, os dois filmes que estão na linha da frente para levar o Óscar são de "streamers": "O Poder do Cão", da Netflix, e "CODA - No Ritmo do Coração", da Apple TV+. "O Poder do Cão" foi considerado o favorito ao longo de quase toda a temporada, mas "CODA" emergiu nas últimas semanas como o potencial vencedor. Isto não apenas pelas vitórias importantes nos prémios do Sindicato dos Atores (SAG) e Associação de Produtores (PGA), mas devido ao sistema de boletim de voto preferencial que é usado pela Academia.

Em vez de colocarem uma cruz no seu filme preferido, como fazem os membros da Associação de Críticos (Critics Choice Association), os eleitores da Academia ordenam os filmes por ordem de preferência. Este processo de ranking significa que um filme que gera muita simpatia como "CODA" pode ser sistematicamente colocado na parte de cima da tabela, somando o suficiente para vencer. Ao contrário, um filme como "O Poder do Cão", que gera tanto paixão e admiração quanto recusa, pode ter vários votos no fundo da tabela que eliminem a sua possibilidade de vencer.

É por isso que "CODA" está agora a ser considerado mais favorito que "O Poder do Cão", depois de ter vencido os PGA, que usam o mesmo sistema de voto preferencial. É isso que torna a escolha da PGA o mais forte indicador de qual o filme que vencerá os Óscares, visto que nos últimos 13 anos - desde que a Academia adotou o boletim preferencial - apenas três vezes o filme não coincidiu.

Dos outros nomeados na categoria, "Belfast" de Kenneth Branagh é considerado o concorrente mais forte.

No total, há dez filmes nomeados:

A cerimónia dos Óscares decorre no domingo, 27 de março, a partir das 17h00 de Hollywood (1h00 em Portugal).

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