
Outubro foi o melhor mês de exportações de vinhos portugueses desde sempre. Depois de um arranque morno - em março, as vendas ao exterior foram mesmo negativas e no acumulado do primeiro trimestre estavam 0,01% acima de março de 2023 -, o setor foi recuperando ao longo do ano e, em outubro, cresceu 24,9% e chegou a quase 110 milhões de euros. O mais alto que o setor havia conseguido, num único mês, foram 104 milhões de euros em novembro de 2022.
Os dados do INE vão só até janeiro de 2000, mas atendendo a que Potugal só exportava 519 milhões de euros à época, não terá havido antes disso qualquer mês de valor superior, acredita a ViniPortugal. No top 5 dos melhores meses, estão, ainda, novembro de 2021, com 97,9 milhões, outubro de 2019 com 97,3 milhões e outubro de 2020 com 96 milhões de euros. Meses que traduzem o efeito do abastecimento dos mercados para as vendas de Natal.
No acumulado do ano, Portugal exportou, entre janeiro e outubro, 294 milhões de litros no valor de 807,1 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo, em volume, de 9,2% e, em valor, de 5%. Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, fala em resultados “muito bons” e destaca, em especial, o desempenho dos vinhos portugueses no mercado brasileiro que, este ano, já ultrapassou o Reino Unido, assumindo-se como o terceiro maior destino das exportações do setor, com um crescimento homólogo de 12% para 73,9 milhões de euros.
Uma performance “muito boa”, se atendermos a que França e Estados Unidos, que valem, respetivamente, 85,6 e 86,1 milhões de euros, estão ambos a crescer abaixo de 2%. Frederico Falcão acredita que o setor estã a colher os resultados do investimento continuado de promoção no mercado brasileiro, para o qual a ViniPortugal está a destinar mais de 1 milhão de euros, dos 8,4 milhões do seu orçamento anual. Brasil, Estados Unidos e Canadá absorvem, aliás, mais de metade do investimento.
O anúncio do tão esperado acordo de comercio livre entre a União Europeia e os países do Mercosul é uma boa notícia para o setor, permitindo que cheguem mais baratos ao mercado brasileiro e ajudando a estimular ainda mais a sua compra. Quanto, Frederico Falcão admite ser difícil estimar para já, sabendo-se que as taxas aduaneiras diretas são quase 26%, mas que há depois uma série de outras taxas e impostos estaduais que, á partida, se deverão manter. Aliás, o Brasil tinha anunciado que iria fazeruma revisão tributária e substituir todas estas taxas por uma única, batizada de ‘Imposto do Pecado’, mas não é o claro o que vai acontecer.
Em termos de outros mercados estratégicos, o Reino Unido está a cair 11,5%, para 67,5 milhões de euros.Na Europa, os Países Baixos estão a crescer 6,5%, mas a Alemanha e a Bélgica caem quase 1% cada.O preço médio de exportação está também a cair - está nos 2,74 euros contra 2,86 de há um ano - fruto das exportações massivas, a granel, para Espanha: cresceram 168% em volume e 40% em valor.