Pagar com tecnologia wireless é seguro?

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Sérgio Botelho, diretor-geral da Visa Europe Portugal, explica as vantagens dos pagamentos contactless.

O dinheiro continua a ser o método mais

utilizado nas transações de baixo valor, apesar de os cartões de

pagamento terem destronado com sucesso os tradicionais cheques e o

dinheiro nas transações que envolvem valores mais elevados. A

introdução dos cartões chip e PIN permitiu, para além do reforço

da segurança, que a indústria de pagamentos eletrónicos

desenvolvesse e introduzisse no mercado métodos de pagamento

alternativos, mais rápidos e mais convenientes. E são precisamente

estas as características dos pagamentos contactless, são rápidos,

seguros e convenientes.

Os pagamentos contactless assentam em regras de

transação totalmente seguras entre um cartão com um chip

contactless e um terminal de aceitação, através de tecnologia

wireless.

Em cenários em que os comerciantes necessitam

de processar um elevado número de transações de baixo valor, como

é o caso dos restaurantes fast food, das lojas de conveniência e

dos terminais de transportes, os pagamentos contactless assumem-se

como o método de pagamento ideal, porque é rápido, seguro e

conveniente. É também um método de pagamento privilegiado em

situações que envolvam pagamentos à distância ou não assistidos,

como acontece com as máquinas de vending, parqueamentos ou

parquímetros.

No caso concreto da Visa, os cartões

contactless utilizam uma aplicação Visa Smart Debit and Credit

(VSDC) standard num cartão com chip EMV de dupla interface (um chip

que permite pagamentos contact e contactless). Recorrendo à

especificação ISO 14443 (Radio Frequency), o cartão contactless

comunica com um terminal que se encontra no ponto de venda e que está

ligado a um leitor.

Em Portugal, os bancos encontram-se já em fase

de emissão de cartões contactless, pelo que estimo que brevemente

será possível realizar pagamentos contactless em Portugal, seguindo

assim a tendência europeia. Neste momento, existem já em Portugal

mais de 2 milhões de cartões contactless e mais de 1000 terminais

de pagamento.

Por sua vez, na Europa circulam já no mercado

cerca de 69 milhões de cartões contactless Visa e mais de 1 milhão

de terminais contacless, concretamente em França, Polónia,

Eslováquia, Espanha, Turquia e Reino Unido, sendo o valor médio por

transacção contactless de 8,63 euros.

Existe de facto um mercado real e com dimensão

para a entrada de um produto capaz de se assumir como um verdadeiro

substituto do dinheiro e como uma alternativa de pagamento mais

rápida, mais conveniente e mais segura, comparativamente às notas e

às moedas. Os comerciantes e os consumidores têm mostrado alguma

resistência à utilização de cartões de pagamento em transações

de baixo valor. Os consumidores porque acreditam que os cartões são

mais lentos do que o dinheiro e também porque não associam o seu

uso à rotina diária para a compra de bens essenciais. Por outro

lado, os comerciantes preocupam-se com os custos associados ao

processamento de uma tradicional transação com cartão de

pagamento, que por vezes necessita de uma autorização online da

entidade emissora do cartão. Como tal, consideram o pagamento com

cartão eletrónico pouco atraente, especialmente em transações de

baixo valor. No entanto, quer os comerciantes quer os consumidores

reconhecem que o dinheiro também apresenta problemas. Para além de

ser mais inseguro, é também mais difícil de gerir e mais propício

a assaltos.

A introdução do chip EMV e da tecnologia PIN

nos cartões de pagamentos eletrónicos tradicionais e também nos

cartões contactless poderá minimizar muitas das barreiras que foram

tradicionalmente um entrave ao uso dos cartões como método de

pagamento em transações de baixo valor. E esta é a mais-valia dos

cartões contactless, alia a segurança do chip EMV às tecnologias

sem fios.

Os pagamentos contactless permitem que as

entidades emissoras de cartões, os bancos, mantenham um nível

elevado de controlo sobre a forma como as transações são

processadas. Por exemplo, a entidade emissora poderá personalizar um

cartão contactless de um cliente, permitindo transações offline

apenas até 20 euros por transação e um total de transações

offline que não exceda por exemplo os 70 euros. Desta forma, assim

que o limite máximo for atingido, o cartão contactless só

funcionará com o modo contacto, ou seja, através da introdução de

um PIN. Esta possibilidade permite assegurar os níveis de segurança

verificados nos pagamentos com cartões eletrónicos tradicionais. Da

mesma forma, se um cartão contactless for perdido ou roubado o

detentor do cartão deverá informar de imediato o seu banco emissor,

solicitando o seu cancelamento, tal como acontece com um cartão de

pagamento tradicional.

Os pagamentos contactless são uma tendência

real na Europa e em Portugal e a curto prazo irão evoluir para

pagamentos móveis. Os consumidores portugueses são dos mais abertos

a este tipo de inovações pelo que a curto prazo terão à sua

disposição pagamentos contactless em Portugal. Pelo sucesso que

estes pagamentos têm demonstrado nos países europeus onde estão já

disponíveis, estimamos que em 2020 cerca de 50% das transações

será realizada através de dispositivos móveis, como smartphones e

tablets. O futuro dos pagamentos está a chegar!

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