Os países que cumpram um programa de resgate, como Portugal,
devem ter um "elemento de compensação", através de
programas de apoio ao investimento e à recapitalização das
empresas, defendeu hoje o presidente da Associação Portuguesa de
Bancos (APB).
"Eu penso que países como Portugal, que estão a cumprir um
programa de ajustamento, mas estão dentro de uma União Económica e
Monetária, deveriam ter um elemento de compensação para a
inevitável recessão que o programa de austeridade comporta, através
de programas especiais para apoio ao investimento e à
recapitalização das empresas", afirmou Faria de Oliveira, em
declarações aos jornalistas, em Bruxelas, no final de um encontro
entre vários banqueiros portugueses e o comissário europeu do
Mercado Interno.
Não existindo, acrescentou, "os fundos [comunitários] que
existirem podem ser um bocadinho orientados, através de uma certa
flexibilização, para esse efeito", salientando que estas
verbas são "essenciais" para apoiar o investimento e a
recapitalização das empresas, que precisam de reforçar os seus
balanços.
Contudo, segundo o presidente da APB, mesmo uma flexibilização
dos fundos europeus não será suficiente, pelo que a banca terá de
ter uma "participação ativa em formas de apoio à
capitalização das empresas".
Faria de Oliveira disse que este assunto foi discutido na reunião
com o comissário Michel Barnier, tendo os banqueiros portugueses
procurado saber se haveria possibilidades de encontrar mecanismos de
apoio de longo prazo à capitalização das empresas.
O presidente da APB sublinhou ainda que "os bancos estão
muito empenhados em serem verdadeiros elementos aceleradores do
processo de transformação da recessão para o crescimento
económico", acrescentando que farão "tudo o que for
possível" para este efeito.
Faria de Oliveira disse ainda que, em sua opinião, "não há
problemas de acesso ao crédito" na economia portuguesa,
existindo "problemas de análise de risco do crédito" e de
procura do crédito.
No que respeita à queda da procura de crédito, explicou que esta
é uma "consequência evidente da recessão económica" e
do facto de as empresas terem necessidade de reduzir o endividamento.