Palácio da fábrica da Vista Alegre, em Ílhavo, transformado em hotel

O antigo palácio da fábrica da Vista Alegre, em Ílhavo, reabriu esta semana reconvertido num hotel de cinco estrelas, transportando para o setor da hotelaria a história de uma das marcas portuguesas mais reconhecidas a nível internacional.
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O Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel representou um investimento de 13,3 milhões de euros do grupo Visabeira (sediado em Viseu) e tem 82 quartos, dez dos quais na área do palácio.

"O palácio, um edifício secular cujo início de construção remonta aos finais do século XVII, mantém o traçado original, com tetos e rebocos em gesso e retratos e paisagens nas paredes", refere uma nota de imprensa do grupo Visabeira.

Nesta área, destacam-se as suites da capela, "que dá acesso ao varandim da capela-mor", e do postigo, "que se desenvolve em três níveis e permite o contacto visual com o altar da capela de Nossa Senhora da Penha de França".

"As pinturas murais do palácio, datadas de 1947 (na Sala Fundador) e de 1964 (no Varandim dos Pintores) estão assinadas por Palmiro Peixe, António Joaquim Ferreira e Domingos Constâncio (artistas da Vista Alegre) e foram restauradas, durante meses, por uma equipa especializada", acrescenta.

A ligação entre o palácio e o edifício contemporâneo - onde se situam os restantes quartos e que tem vista para o Rio Boco (braço da Ria de Aveiro) - é feita através de uma escada metálica em espiral.

"A decoração minimalista e requintada, com recurso a mobiliário nacional desenhado, maioritariamente, em exclusivo para o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel, é enriquecida com a instalação de peças e de desenhos murais, realizados pelos pintores da Vista Alegre, e valorizada pela abundante iluminação natural", explica.

O hotel tem ainda a particularidade de cada um dos seus pisos se dedicar a uma parte do processo de produção da porcelana da Vista Alegre, desde a modelagem, passando pelas peças em branco, até às decoradas manualmente.

O primeiro piso é dedicado aos "Moldes e Forma", sendo os hóspedes recebidos com uma instalação composta por elementos alusivos ao tema. No segundo, chamado "Piso do Branco", foram utilizadas apenas peças em branco com acabamento vidrado e "biscuit". Para o terceiro piso, que tem o tema "Decorado", foram produzidas peças únicas inseridas no contexto da escola de pintura da Vista Alegre.

Em cada um dos quartos, tirando partido do vasto espólio da Vista Alegre, foi criada uma atmosfera personalizada.

Um dos ícones do Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel é a Fonte de Carapichel, "datada do século XVII e cujas estruturas e adutores, agora expostos, se encontravam ocultos" pelas antigas estruturas fabris.

"Aqueles elementos foram descobertos durante as escavações e preservados harmoniosamente, num trabalho entre arquitetura e arqueologia, permitindo garantir a manutenção do conjunto de elementos que, após expostos, revelaram a fonte", explica.

Esta é a 12.ª unidade hoteleira do grupo Visabeira. Estende-se ao longo da frente ribeirinha do canal de Ílhavo da Ria de Aveiro e a sua construção foi pensada "para causar o menor impacto possível no ecossistema envolvente, dignificando um espaço industrial de exceção à escala europeia que remonta a 1824".

O hotel integra um complexo que tem como matriz organizadora o Terreiro da Vista Alegre, que inclui a fábrica, a capela Nossa Senhora da Penha de França (monumento nacional), o teatro (em requalificação), o museu (projeto museológico e museográfico desenvolvido pelo Museu Nacional de Arte Antiga) e lojas de venda ao público da Vista Alegre e da Bordallo Pinheiro.

Em processo de requalificação encontram-se as antigas moradias do bairro da Vista Alegre, situadas num espaço contíguo ao hotel e que, brevemente, passarão a integrá-lo.

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