Papa Francisco: um homem simples

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Francisco I, em honra de S. Francisco de Assis, explicou o vice-porta-voz do Vaticano, Thomas Rosica. O novo Papa tinha sido eleito cardeal pelo Papa João Paulo II em 2001. Arcebispo de Buenos Aires, é o primeiro Papa jesuíta e sul-americano, sendo conhecido pela sua preocupação com os pobres.

O diário inglês The Guardian conta que, aquando da sua eleição para cardeal, persuadiu os fiéis argentinos a não irem a Roma, mas antes a dar o dinheiro aos pobres. A Argentina iria declarar a bancarrota nesse mesmo ano.

O seu estilo de vida é coerente com esta posição. Mesmo depois de ser cardeal, continuou a viver num prédio modesto na baixa de Buenos Aires, em vez de pernoitar na mansão que lhe estaria destina. Durante muitos anos cozinhou as suas próprias refeições e andou de transportes públicos, relata a MSNBC. O seu biógrafio, Sergio Rubin diz que o novo Papa é crítico do neoliberalismo e do FMI, mas não apoia a teoria da libertação.

Apesar de ser considerado moderado - sendo favorável a métodos contracetivos para evitar disseminação de doenças e querendo reformar a Cúria -, o Papa não escapa a certos dogmas da Igreja e aqueles que esperam um Papa fortemente reformista poderão ficar desiludidos.

Bergoglio foi um dos mais insistentes oponentes à legalização do casamento homossexual na Argentina, alegando que todas as crianças precisam de um pai e de uma mãe. As relações com Nestor Kirchner e Cristina Fernandez (a atual presidente) não são, portanto, as melhores.



Relações ambíguas com a ditadura militar argentina


Segundo o seu biógrafo, o novo Papa é crítico do regime ditatorial que prevaleceu na Argentina. Mas nas suas críticas também ataca os guerrilheiros de esquerda.

Alguns acusam Bergoglio de simpatizar com o regime e mesmo de ter entregue dois padres jesuítas adeptos da teologia da libertação às autoridades do regime em 1976. Estes casos relativos à ditadura militar argentina, resultaram num processo legal e Bergoglio foi chamado a testemunhar em 2010. O seu testemunho foi considerado "evasivo", de acordo com a advogada de direitos humanos Myriam Bregman.

Todavia, Jorge Bergoglio recusou ter ligações à ditadura militar argentina. Numa entrevista cedida da Rubin, o então líder da ordem jesuíta na Argentina, diz ter escondido pessoas na sua igreja, tendo mesmo chegado a entregar os seus documentos a um foragido que tinha semelhanças físicas com ele.

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