Em nome da "igualdade" entre trabalhadores dos sectores . público e privado, Pedro Passos Coelho anunciou, ontem, um corte sem . precedentes na administração pública: até 2015, o Governo espera . poupar 4,8 mil milhões de euros, dos quais 3,5 mil milhões, segundo . uma tabela de precisões de cortes enviada numa carta à troika (ver . na página 4), serão à custa de rescisões amigáveis na . administração pública (30 mil previstas), modificações salariais . e na reforma do sistema contributivo. Pedro Passos Coelho insistiu na . palavra "consenso", mostrando-se disponível para modificar . algumas das propostas, mediante alternativas "credíveis". "Os . sacrifícios valerão a pena", garantiu o primeiro-ministro. . Os funcionários públicos e os reformados surgem na primeira . linha dos plano de cortes delineado perlo Governo. Algumas mudanças . avançam já este ano, nomeadamente a subida do horários semanal da . função pública das atuais 35 para 40 horas, o que permitirá . poupanças ao nível do trabalho extraordinário e na redução dos . contratos a prazo. Também durante este ano arrancam as novas regras . na mobilidade especial, que passam a limitar a 18 meses o prazo para . o pagamento de uma subvenção. Findo este prazo, o funcionários tem . como opção a licença extraordinária ou a rescisão amigável, . recebendo uma indemnização. A subvenção é também reduzida dos . atuais 50% para 33,4% do salário-base, ainda que não possa ser . inferior a 485 euros. . Na calha estão também as rescisões amigáveis, através das . quais o Governo espera reduzir em 30 mil o número de funcionários . públicos. A indemnização varia consoante a idade e aos . funcionários que queiram "aderir" podem avançar com o pedido . entre setembro e novembro de 2013. . O Governo vai ainda rever a tabela remuneratória única e . elaborar uma tabela única de suplementos, medida que lhe permitirá . substituir o corte médio de 5% dos salários que vigora desde 2011. . Os subsistemas de saúde (ADSE, ADM e SAD) vão pesar mais no bolso . dos funcionários, que verão a contribuição subir já este ano de . 1,5% para 2,25% e para os 2,5% em 2014. . Do lado das reformas, a Contribuição Extraordinária de . Solidariedade (CES) vai em 2014 ser substituída por uma Contribuição . de Sustentabilidade que terá por base os moldes da CES, devendo por . isso começar nos 3,5% para avançar depois para 10%, podendo atingir . os 15% e 40% nas pensões mais elevadas. . De fora desta nova taxa ficarão as pensões pagas por fundos . privados (que este ano pagam a CES), mas como a previsão de encaixe . é semelhante, isto significa que o patamar de valor de pensões a . partir do qual a nova taxa vai ser cobrada em 2014 deverá ficar . abaixo dos atuais 1350 euros. . Outra mudança estrutural nas pensões visa as regras de . determinação do fator de sustentabilidade, de forma que a idade . para a reforma sem penalização passe em 2014 para os 66 anos. Para . tal, o Governo vai deixar cair o ano de 2006 como indexante para este . fator, passando a usar por referência uma data mais recuada. . Ao mesmo tempo, este fator, que agora se baseia apenas na . esperança média de vida, passará a ter em conta também fatores . económicos como a massa salarial. Os militares e as forças de . segurança deixam de aceder à pré-aposentação aos 55 anos, tendo . de esperar pelos 58 anos. Com o PS a rejeitar mais cortes (ver texto . na página 4), restam os parceiros sociais.