Pedro Queiroz Pereira vendeu o hotel Villa Magna, situado no centro de Madrid, ao grupo turco Dogus Holding, apurou o Dinheiro Vivo. O negócio foi fechado esta quarta-feira, 2 de março, e já foi confirmada pela consultora JLL, que assessorou a Sodim, a holding do empresário português que detém o Villa Magna..O valor de venda é confidencial, diz a JLL e a Sodim escusa-se a comentar, mas segundo fontes do mercado citadas pelo jornal Expansión, que também avançou com a notícia, a operação pode ter rondado os 190 milhões de euros. .Este foi o montante oferecido pelo empresário colombiano Jaime Gilinski no verão, uma oferta que a Sodim - a empresa de Queiroz Pereira que detém o Villa Magna - terá recusado, segundo noticiou o jornal Cinco Dias no início de setembro citando fonte oficial. Esta disse que "não aceitou as condições para a transação" e que "a venda nunca esteve fechada"..Leia mais aqui sobre o que antecedeu a operação.Além disso, é também um valor muito próximo do pedido por Queiroz Pereira, que rondaria os 150 a 180 milhões de euros que, por sua vez, está também perto do valor investido por Queiroz Pereira no hotel. Em 2001 comprou-o por 100 milhões de euros aos japoneses Shirayama e, entre 2007 e 2009, aplicou 50 milhões em obras de renovação que o tornaram num dos mais luxuosos hotéis de Madrid..Contudo, ao valor da compra acresceriam 30 a 40 milhões de euros que o novo proprietário teria de aplicar para realizar as obras de renovação que o hotel precisa agora..Situado no Paseo de la Castellana, o Villa Magna é, apesar desta necessária remodelação, um dos mais importantes hotéis da capital espanhola e o edifício e jardins que ocupa são considerados ex-libris da cidade..No local estava, antes da construção do hotel nos anos 1970, o Palácio da Anglada, um edifício luxuoso de influência mourisca e rodeado por um imponente pátio. E foi à imagem dele que o mesmo arquitecto construiu o hotel depois do palácio ter sido demolido nos anos 1960..Quem é a Dogus Holding?.Segundo o Expansion, a Dogus Holding é controlada pela família Sahenk e é um dos maiores grupos turcos com mais de 250 empresas, 50 mil empregados e negócios que vão desde a área financeira, à distribuição de automóveis, construção e imobiliário..Tem ainda uma agência de viagens e oito hotéis de luxo, entre eles o Park Hyatt e o Grand Hyatt, em Istambul. A norte-americana Hyatt foi, aliás, a cadeia gestora do Villa Magna durante quase 20 anos, tendo saído em 2009 e deixando a operação a cargo da empresa de Queiroz Pereira..E é também o segundo maior accionista do banco turco Garanti, que tem como principal investidor o espanhol BBVA, com 39,9% do capital..Com esta operação, a Dogus entra em Espanha e logo a deter um ativo muito apetecível no imobiliário mundial. Além de que protagonizará um dos maiores negócios do ano e uma das maiores operações de venda de hotéis e de ativos turísticos dos últimos anos e não só em Espanha..Por exemplo, em Madrid, e durante o ano passado, o hotel Ritz foi vendido por 130 milhões ao grupo saudita Olayan e aos chineses do Mandarin Group. E em Portugal, o grupo norte-americano Lone Star comprou Vilamoura por 200 milhões..No ano antes, o hotel Intercontinental da capital espanhola foi comprado por 70 milhões pela empresa Katara Hospitality, sedeada no Qatar. E em Portugal, também em 2014, foi vendido o hotel Albatroz, em Cascais, a um empresário russo..Venda de ativos.O empresário Pedro Queiroz Pereira é dono da Sodim, que detém o hotel Ritz de Lisboa e detinha o Villa magna. Além disso, é também dono chairman da Semapa, a dona da Secil (cimentos) e da Portucel (papel), decidiu apostar mais no negócio do papel. Aliás, recentemente mudou o nome da Portucel para The Navigator Company. .A venda de ativos não estratégicos está, por isso, em curso e o Villa Magna incluía-se nesse pacote. Mas o Ritz de Lisboa nem por isso. Pelo contrário, Pedro Queiroz Pereira tem uma ligação pessoal ao imóvel e não tem quaisquer intenções de o vender, por muito boa que seja a proposta.