Penso inteligente que monitoriza úlceras diabéticas ganha Prémio de Investigação Colaborativa

Inês Coelho, cientista e investigadora de doenças crónicas. João Coelho, engenheiro e investigador de nanomateriais, ambos a laborar em departamentos diferentes da Universidade Nova. Da conjugação do seu trabalho resultou um penso inteligente capaz de poupar as idas dos diabéticos ao hospital.
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São "Pensos Inteligentes de Grafeno para a Monitorização da Úlcera do Pé Diabético" e, ao sê-lo, foram o projeto vencedor da 14ª Edição do Prémio de Investigação Colaborativa Santander/Nova 2021. O trabalho foi desenvolvido por uma equipa multidisciplinar que envolve duas unidades orgânicas da Universidade Nova de Lisboa, constituída pelo investigador João Coelho, do CENIMAT/I3N, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Nova, em colaboração com a investigadora Inês Coelho, do CEDOC, da Faculdade de Ciências Médicas.

Só para especificar melhor em que campo cada um dos investigadores trabalham, o CENIMAT/I3N é o Centro de Investigação de Materiais da Universidade Nova de Lisboa, juntamente com o seu associado, Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação; e o CEDOC é o Centro de Estudos em Doenças Crónicas da mesma universidade.

Como explica o investigadora Inês Coelho, "a diabetes é uma doença sistémica que requer cuidados de saúde integrados de alta complexidade e as complicações associadas, como a úlcera do pé diabético, afetam 25% das pessoas com diabetes, representando elevados custos e uma pressão considerável sobre os sistemas de saúde."

Por isso mesmo, acrescenta, "o projeto apresentado tem como objetivo principal desenvolver uma plataforma flexível que permita a monitorização contínua de úlceras diabéticas de uma forma não invasiva e confortável para a pessoa com diabetes, resultando em melhores cuidados e resultados de saúde, ao diminuir idas ao hospital e menores tempos de internamento e custos associados."

Por seu lado, João Coelho lembra que "o projeto visa lançar as plataformas tecnológicas necessárias para o futuro desenvolvimento de pensos inteligentes com capacidade de comunicação wireless para uma melhor capacitação dos pacientes e do seu acompanhamento por parte dos profissionais de saúde."

Quer isto dizer que, para já, o penso inteligente tem por principal aplicação os doentes diabéticos, mas no futura poderá ter outras utilizações.

A plataforma a criar será composta por sensores dedicados à monitorização de aspetos característicos de uma úlcera, tais como a oxigenação, pH, temperatura e níveis de humidade. Desta forma, será possível monitorizar a evolução e/ou cicatrização da úlcera em tempo real, de forma a gerir o tratamento de uma forma mais adequada, sem recorrer a uma constante mudança de pensos.

Os sensores serão fabricados em materiais flexíveis como o papel, de uma forma sustentável, por irradiação laser. Esta técnica resulta na produção de grafeno, uma estrutura ultrafina baseada em carbono, que apresenta propriedades físico-químicas essenciais para elaboração de sensores. De seguida, esta plataforma será inserida num penso e testada em estudos pré-clínicos.

O Prémio de Investigação Colaborativa Santander/Nova visa distinguir Projetos de Investigação desenvolvidos por Investigadores Juniores da NOVA e que envolvam, pelo menos, duas das Unidades Orgânicas da Universidade. O Prémio, no montante de 15.000€, contempla sucessivamente Projetos de Investigação no âmbito das Ciências Sociais e Humanas, Ciências da Vida e Ciências Exatas e Engenharias. Em 2021 foi dedicado às Ciências da Vida.

O Prémio foi entregue, no Auditório do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora. O evento contou com a participação do Primeiro-Ministro, António Costa, do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, da Ministra para a Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. estiveram também presentes a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, assim como o reitor da Universidade Nova de Lisboa, João Sàágua, a vice-reitora responsável pela Área de Investigação, Elvira Fortunato, e o responsável pela Área de Banca Responsável e Universidades do Santander em Portugal, Marcos Soares Ribeiro.

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