
Fundada com uma missão clara de mitigar a escassez global de fósforo e promover práticas agrícolas sustentáveis, a Phostech quer criar um impacto ambiental positivo. A ideia desta startup surgiu da paixão de Patrick dos Santos pela recuperação ambiental, e inspirada por catástrofes ecológicas, como o Desastre de Mariana em 2015, no Brasil (quando a Barragem do Fundão, que armazenava detritos de minério de ferro, colapsou).
Utilizando um reator inovador, a Phostech transforma resíduos orgânicos em estruvite, um composto que não só é essencial para a agricultura, como também ajuda a tratar águas residuais e reduzir a poluição. A estruvite possui características que a tornam numa alternativa superior aos fertilizan-tes convencionais, combinando a liberação lenta e controlada de nutrientes com a resistência à água, ideal para diferentes condições climáticas.
Apesar dos desafios iniciais, Patrick Lopes dos Santos tem conseguido avançar com o seu projeto, tanto que a startup já obteve reconhecimento no concurso JUMP de 2024, promovido pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e UPTEC. No final, a Phostech foi premiada com 1500 euros, o que permitiu ao seu mentor levar a cabo um investimento inicial na propriedade intelectual e nos testes de laboratório. “Já tenho definido o conceito do reator. Falta mesmo fazer testes com o material que os fornecedores vão me dar", detalha Patrick dos Sants. Estes testes são uma etapa crucial para validar a eficiência do reator em condições reais e garantir a viabilidade comercial do produto.
Para além do prémio monetário, o reconhecimento proporcionou, também, a visibilidade necessária para atrair o interesse de investidores e parceiros, fundamentais para o crescimento da startup.
A principal missão da Phostech é mitigar os riscos associados à escassez de fósforo global, promovendo a sustentabilidade na agricultura. As reservas de fósforo estão concentradas em poucos países, o que cria uma alta dependência dos preços dos combustíveis. "Temos as reservas de fósforo distribuídas principalmente em quatro países, Rússia, Estados Unidos, China e maioritariamente em Marrocos. E acontece que isso tem um certo risco geopolítico", destaca o empreendedor. Com o aumento dos preços dos fertilizantes, especialmente após crises económicas e conflitos globais, a necessidade de alternativas sustentáveis torna-se urgente.
Patrick dos Santos explica que o reator da Phostech não só recupera fósforo, mas também tem o potencial de tratar águas residuais, reduzindo a eutrofização em corpos de água. "Este mesmo reator pode ser utilizado para recuperação ambiental de águas superficiais. Então, além de retirar nutrientes de resíduos orgânicos, sejam de origem urbana ou agropecuária, também pode fazer o mesmo em águas superficiais", detalha, apontando zonas como o Mar Menor, em Espanha, o Lago Vitória, na África, ou o Rio Sena, em Paris, onde o seu reator poderá ser potencialmente aplicado.
A estruvite produzida pelo reator da Phostech poderá ser altamente benéfica para as plantas, uma vez “que tem a vantagem de ter o melhor do fertilizante inorgânico, porque está naquele formato cristalino, de rocha branca, que é mais disponível para a planta. E tem a vantagem da matéria orgânica, porque, primeiro, é hidratado, e, segundo, é de libertação lenta", explica o empreendedor. E, a resistência à água do material torna-o ideal para aplicação durante períodos chuvosos, evitando a perda de nutrientes devido à lixiviação.
Além disso, e por forma a escalar a sua operação e conseguir expandi-la internacionalmente nos próximos anos, Patrick dos Santos, pretende procurar mais investidores. O mentor da Phostech acredita que a sua ideia pode desempenhar um papel crucial na agricultura sustentável e na recuperação ambiental, não apenas na Europa, mas também em outras regiões como o Brasil e os Estados Unidos. "Em 2030, o objetivo é expandir-me não só a nível europeu, mas, pelo menos, em alguns pontos fora da Europa", projeta.
A participação na edição nacional deste ano do Climate Launchpad também foi um marco importante para a Phostech, uma vez que garantiu a necessária visibilidade e validou o projeto. Ao mesmo tempo, a competição também ofereceu a Patrick dos Santos a oportunidade de receber mentoria e relacionar-se com potenciais parceiros e investidores. "Nestas competições, deram-me algumas aulas de formação e também um incentivo para me comunicar com algumas empresas", descreve, destacando a importância do networking para o crescimento da startup.
No entanto, a Phostech não só procura soluções sustentáveis para problemas ambientais críticos, mas também pretende que a tecnologia seja aliada da natureza. E, neste ponto, a visão de Patrick dos Santos é clara: transformar a Phostech numa referência global em recuperação de fósforo e tratamento de águas residuais, contribuindo para um futuro mais sustentável e equilibrado.