Piquébol. O novo futebol ameaça o antigo?

A Kings League, torneio idealizado por Gerard Piqué e um streamer, mistura o desporto rei com outros jogos. E já seduziu Aguero, Casillas, Saviola, Capdevila, Chicharito e milhões nas redes
Publicado a

Gerard Piqué pode ser ex-capitão do Barcelona, ex-titular da seleção espanhola, ex-defesa de excelência e até ex-marido de Shakira mas não vive só de passado - o foco dele é o futuro. Inventou, a meias com o famoso streamer Ibai Llanos, a Kings League, um futebol do século 22 que usa regras de outros desportos e de outros mundos, e vai conquistando milhões de jovens. O Piquébol, como lhe podemos chamar, é uma ameaça ao futebol tradicional? Ou apenas "um circo", como classificou Javier Tebas, presidente da liga espanhola?

A Kings League reúne 12 equipas de sete jogadores (escolhidos por drafts, como nos desportos dos EUA, dois dos quais "convidados especiais") presididas por ex-craques - como a 1K, de Iker Casillas, ou a Kunisports, de Sergio "El Kun" Aguero - e criadores de conteúdos - como a Aniquiladores, a Jijantes ou a Sayans, líderes da liga após quatro jornadas.

"Chicharito" Hernández, Saviola, Capdevila e, ao que tudo indica num futuro não tão distante, o ícone do futsal Ricardinho são as estrelas da prova.

Nos jogos, o pontapé de saída é logo inovador - esqueça a escolha fastidiosa moeda ao ar: os sete jogadores correm da baliza ao meio-campo, quem chegar primeiro conquista a posse de bola.

Com dois tempos de 40 minutos e sem direito a empates, os penáltis são de bola corrida, os amarelos resultam em exclusões de dois minutos e os encarnados em expulsão mas com direito a substituição. As substituições, aliás, são ilimitadas, ao contrário dos pedidos de verificação no VAR: caso uma equipa peça revisão e ela não seja aceita, o direito de ir ao VAR acaba.

O lado mais lúdico tem a ver com as cinco cartas usáveis pelo treinador: direito a penálti, direito a expulsar jogador rival, direito a que, por dois minutos, cada golo marcado valha a dobrar, direito a roubar carta do adversário, direito a usar uma das ações referidas acima.

Há um atleta chamado Enigma, que joga com a cara tapada (e os braços, para não ser reconhecido pelas tatuagens), provavelmente por estar em atividade no futebol tradicional e não estar autorizado a jogar a Kings.

O canal do torneio na plataforma Twitch já tem 1,6 milhões de inscritos, e as audiências dos jogos, disputados todos os domingos, uns depois dos outros, somam quase quatro milhões de horas assistidas. O palco é a Cupra Arena, em Barcelona, mas a final está marcada para o Camp Nou, onde Piqué brilhou no outro futebol.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt