Play up, o vestuário infantil também é feito de desperdícios

Marca sustentável de roupa de bebé e criança, produzida em Esposende, apresenta uma coleção produzida a partir de resíduos da fábrica
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A Play Up, marca de vestuário de bebé e criança produzido em Esposende, acaba de lançar uma coleção cápsula, com 16 artigos produzidos a partir de desperdícios têxteis do processo de fabrico. É o primeiro passo para a circularidade que a ETFOR - Empresa Têxtil, Lda, dona da marca, está a implementar, a par dos investimentos em painéis solares e equipamentos mais amigos do ambiente. Close the Loop é a designação da nova coleção que, como o nome indica, fecha o ciclo. O objetivo, diz Bruno Correia, é que 25% da próxima coleção, a de primavera-verão 2024, seja já feita a partir da reciclagem dos excedentes de produção da ETFOR.

Esta é uma confeção familiar, criada pelo casal Artur Correia e Lúcia Lages, em 1988, e que comemora, a 30 de novembro, o seu 35.º aniversário. Trabalhava, essencialmente, em regime de subcontratação para clientes internacionais e cadeias de retalho, mas, em 2004, com a chegada da segunda geração ao negócio, nasceu a marca própria, vocacionada para bebés e crianças. São quatro os irmãos, sendo que todos estão ligados ao negócio. Elsa e César, os dois mais velhos, estão mais focados nos negócios da ETFOR; Bruno e Susana são, respetivamente, managing partner e diretora criativa da marca, que nasceu já com uma grande preocupação ao nível da sustentabilidade, sendo fabricada apenas com recurso a algodão orgânico e a fibras recicladas.

Hoje, a Play Up conta já com 900 pontos de venda em 40 países do mundo, com especial destaque para Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, bem como os Estados Unidos, mercado que tem já "um peso importante", a par da aposta mais recente na China, Hong Kong e Taiwan. A marca própria assegura já 35% das vendas da ETFOR que, no ano passado, registou um volume de negócios total de 25 milhões de euros. Quase tudo exportado, com o mercado nacional a contribuir apenas com 10%.

Curiosamente, o melhor ano de sempre da ETFOR foi 2020, em plena pandemia. A etiqueta made in Portugal foi uma mais-valia importante, o facto de ser "cumpridora de prazos" e de ter material disponível para entrega ajudou a alavancar as vendas, com a marca a crescer 20% face a 2019. Este ano, e apesar da conjuntura negativa, está a crescer 10%. O facto de ser uma marca assumidamente sustentável desde a sua origem também ajudou.

Estratégia que entretanto reforçou, com o lançamento do projeto Take Back, criado em finais de 2022, através do qual aceita a devolução das peças usadas da Play Up para lhes dar uma nova vida, seja através da sua recuperação para venda em segunda mão, seja pela destruição das peças que não estão em bom estado e que voltam a ser transformadas em fio, e dão origem a novos tecidos e novas roupas.

"Todos sabemos que as crianças crescem depressa e, normalmente, deixam a roupa impecável. Tradicionalmente, estas peças circulam entre gerações de família e amigos, mas, para quem não tem como o fazer, criámos esta solução", explica Bruno Correia.

Quanto a investimentos, a ETFOR investiu 4,5 milhões de euros para triplicar a área fabril e instalar várias melhorias, como iluminação LED em toda a empresa, novos equipamentos mais modernos e energeticamente mais eficientes, bem como painéis fotovoltaicos que cobrem 35% das suas necessidades energéticas. Em 2024, a intenção é instalar outros tantos e duplicar a capacidade de geração de energia verde. Em desenvolvimento está também um passaporte digital que permita assegurar a rastreabilidade total da produção, do fio à peça final.

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