Poderá o Threads levar a Meta aos 400 dólares?

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Já lá vai o tempo do Facebook, desde outubro de 2021 que a empresa quis mudar o seu rumo, passando por alterar uma parte do seu negócio e alterar o nome para META. Desde os seus mínimos de Novembro de 2022, as ações da META já subiram mais de 230%, será que a subida vai continuar? A META foi das bigcaps mais penalizadas em 2021, com desvalorizações a ultrapassar os 75% durante o máximo de 2021 e o mínimo de 2022. Foi desde então que uma nova tendência começou a ser construída para as ações da META. A empresa começou por abrandar o investimento na área do metaverso e reduziu a sua força de trabalho em 10.000 colaboradores, com o intuito de reduzir as suas despesas.

Por esta altura, a empresa que é dona dos tão conhecidos Instagram e Whatsapp surge com um novo projeto! O facto de o Twitter ter sido remodelado pela sua nova chefia (compra efetuada por Elon Musk), deixou uma brecha para que a META pudesse entrar no jogo, e assim aconteceu. Na semana passada assistimos à inauguração do Threads, uma aplicação com características semelhantes às do Twitter que pretende agarrar os utilizadores do mesmo e ainda acrescentar os utilizadores do Facebook e do Instagram. Será que este lançamento vai ser mais uma fonte de rendimento para a META? Será difícil saber como vai correr este novo projeto, até porque a META já falhou projetos passados, mas o que sabemos é que no espaço de 5 dias a aplicação já tinha ultrapassado os 100 milhões de registos e temos que notar que a mesma ainda não é permitida na UE. Adicionalmente, devemos também considerar que esta ameaça ao Twitter pode também trazer problemas para a gigante das redes sociais, nomeadamente o facto de poder ser considerado "plágio" e da META ter contratado ex-colaboradores do Twitter que levariam a propriedade intelectual.

Como está a rentabilidade da META? No que toca aos dados fundamentais, a empresa tem reduzido substancialmente as suas taxas de crescimento desde o final de 2021. As receitas do primeiro trimestre deste ano mostram um crescimento face ao mesmo período do ano passado de cerca de 2.6% e já tinham sido negativas ao longo do ano de 2022. No que toca aos lucros da empresa, as coisas ainda se mostram mais fracas, pois o lucro da empresa tem vindo a diminuir constantemente, sendo que este último trimestre representa uma queda nos lucros de cerca de 40% face ao mesmo período de 2021 (quando a empresa estava no seu auge dos lucros). Se olharmos para o capital próprio da empresa, o mesmo continua praticamente estagnado desde 2021. Em relação à dívida, a mesma quase triplicou desde 2021.

Agora, olhando para o preço das ações da META, estas estão a cotar junto dos 295$. A tendência ascendente que já prevalece desde novembro de 2022 continua e não parece demonstrar sinais de fraqueza. O que poderá acontecer ao preço das ações da META nos próximos meses? Em termos técnicos a META tem uma resistência de preço na zona dos 300$, o que se prevê que o preço tenha alguma dificuldade para passar daí. Contudo, caso os investidores continuem a ver o investimento na META como atrativo, as ações poderão quebrar esta zona e voar mais além, onde se encontram as próximas resistências de preço. Uma primeira junto dos 350 dólares e uma segunda junta aos 380 dólares. Ainda assim, se a empresa melhorar substancialmente as suas métricas de crescimento poderá atingir novos máximos históricos.

De outro ponto de vista, o facto da empresa não mostrar ainda grandes métricas de crescimento, aliado à continuação da subida das taxas de juro e de um contexto de arrefecimento económico e

uma inflação duradoura, abre um caminho para uma recessão nos EUA. Considerando estes fatores, os investidores estarão atentos às métricas de crescimento da META como também ao sucesso dos seus projetos. Caso estas métricas de crescimento não sejam cumpridas, a mesma poderá entrar num processo de queda. Se isso acontecer, devemos vigiar a zona dos 245$, pois é uma zona de suporte técnico que pode servir de barómetro para perceber se as ações poderão entrar em quedas mais profundas e se o crescimento realmente vai aparecer.

Assim, como qualquer ativo nos mercados financeiros não sabemos o que realmente vai acontecer, será sempre uma luta entre compradores e vendedores, aquele que tiver mais força ganhará esta batalha.

Vítor Madeira, analista da XTB

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