Política energética, produto tóxico

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A eletricidade portuguesa é a mais cara da União Europeia (UE) em termos de paridade de poder de compra e está no pódio dos preços em valor absoluto. É a consequência da política energética iniciada por Sócrates e prosseguida pelo atual governo, um ónus para os consumidores e uma catástrofe para as empresas, sobretudo para aquelas que integram mais energia no processo produtivo e o preço é fator crítico de competitividade. O preço de energia foi razão para o encerramento da fábrica de vidro da Saint Gobain em Alverca.

Portugal assumiu-se como cobaia de tecnologias imaturas, apresentadas como o ovo de Colombo que permitia energia farta a baixo preço, em que vento e sol eram gratuitos. Escondeu-se que o custo do seu desenvolvimento implicaria tarifas que ultrapassam várias vezes o preço das energias tradicionais; que contratualmente toda essa energia seria paga, fosse ou não consumida; que teria prioridade na entrada na rede, afastando toda a concorrência, a atual, em regime de mercado, ou qualquer outra que surja até ao fim dos contratos, alguns até 2032; e que obrigaria a custos adicionais para manter centrais prontas a cobrir as falhas das intermitências eólicas e solares. Como anestesia, apenas uma parte destes custos se repercutiu imediatamente sobre o consumidor, gerando a parte restante uma dívida tarifária que anda pelos três mil milhões de euros, a onerar tarifas futuras.

Como consequência, aliás potenciada pelo aumento das taxas de emissão de CO2 que já levou ao encerramento da Central de Sines, o consumidor é obrigado a pagar 380€/MWh por eletricidade oriunda de uma central fotovoltaica, ou 90€ de uma eólica, que muitas vezes nem consome, verdadeiro custo fixo, quando poderia pagar incomensuravelmente menos por energia de centrais convencionais.

Com uma tão grande, rápida e injustificada substituição das fontes de energia, os nossos governantes criaram verdadeiros produtos tóxicos, ademais armados de tão complexas regras de formação de preços (duvidoso é que as entendam, face às declarações produzidas e, se as entendem, a situação só piora) que as tornaram a melhor arma para cegar o consumidor.
Glosando o ministro do Ambiente italiano, os ativistas governamentais do ambiente são bem mais nocivos para a economia do que o homem para a putativa crise climática.

Economista

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