Os políticos são todos uma escumalha do pior, já não se pode confiar em ninguém. São falsos e revelam sempre interesses escondidos. Só devemos votar nos não políticos. Só os extremos é que nos podem salvar. Os políticos vão para lá para se encher, nem salário deviam ganhar! Só devíamos votar em quem corta a direito. Em quem tenha uma motosserra, atire tinta aos poderosos, quem os ameaça com os tribunais..Gosto particularmente de líderes que têm uma missão divina, um desígnio de Deus, que vêm para nos salvar. Temos que acabar com os parlamentos, um verdadeiro enxame de bandidos. Os políticos já deviam estar todos presos! É tudo a mesma carneirada..Sim, é isto que ouvimos todos os dias, por vezes de uma forma dissimulada, mesmo em pessoas com cursos superiores, livros em casa, televisões e elevado poder de compra. Muitos parecem fazer parte de uma claque de futebol, como se algo de irracional os tomasse, os almoços de fim-de-semana estão cada vez mais difíceis. Há duas grandes razões para este tipo de raciocínio cada vez mais extremado:.Em primeiro lugar, as redes sociais: Os algoritmos cada vez mais privilegiam a dissidência, a mensagem bombástica. O rancor. A mensagem simples, mesmo que inconsistente e extremada, ultrapassa sempre o número de visualizações dos moderados ou de um debate sereno..Atrás disso, vieram os jornais e os restantes media que correm atrás dos protagonistas dos likes do Twitter, dos fóruns e opinion makers de títulos bombásticos. Acreditam que isso cativa anunciantes que paguem as contas. As diferentes cores perderam-se, agora é tudo preto no branco..Novos órgãos de comunicação social, alinhados com uma linha política, invadiram a opinião publicada de novos comentadores. Figuras respeitadas com anos de estudo e trabalhos publicados dividem a antena, com jovens modelos aspirantes a politólogas. O discurso bombástico ganhou. Não se querem vozes sensatas em antena, queremos quem diga mal, quem acuse. Fazer barulho é fundamental..A segunda razão, é culpa dos políticos do centro, que sendo pouco consistentes querem agradar a gregos e troianos; ou seja, podem até ter um programa ponderado, políticas que facilmente poderiam ser subscritas por uma alargada maioria do eleitorado, mas querem e precisam de dar nas vistas. Chamam spin doctors para lhes orientar o discurso. Querem à viva força sobressair. Dizer mal dos outros, levantar suspeitas, ocupar o espaço de discussão com léxico extremado. Radical..Hoje a política é o caricato. A demonstração do caricato..Ao longo destas duas semanas tenho dado alguns exemplos, hoje não o vou fazer para que a clubite não enturve a mensagem, certo é que os nossos políticos parecem cada vez mais bipolares a mudar de tom e mensagem. Tentam apanhar todas as diferentes personas na sua rede..Vou dar um exemplo internacional, que facilmente é ilustrativo deste tipo de comportamento: o actual Presidente dos Estados Unidos tem cada vez mais uma coordenação motora difícil, e notam-se problemas de localização espacial no meio da confusão de luzes e de um palco. Todavia, fico sempre impressionado com as suas entrevistas ao programa 60 Minutes. É curto e grosso. Revela sempre uma elevada preparação. Trata os problemas pelos nomes e, por uma vez, não há ambiguidades na política americana. A sua equipa é das mais competentes que os Estados Unidos já tiveram (e quem governa não é um homem só, mas um gabinete com múltiplas facetas)..Provavelmente, o Presidente Biden irá perder para um Trump que não está minimamente preparado, que não consegue manter equipas dignas desse nome, um homem sem conhecimento e que só revela discurso fácil e populista escondendo os mais perigosos interesses..É isto que também poderá indo, aos poucos, acontecendo em Portugal e na Europa..No mundo tal como está hoje, seria completamente impossível um herói como Roosevelt, que vivia com uma enorme fragilidade física e estava preso a uma cadeira de rodas; essa fragilidade, era apenas física, e as fotografias sentado, a sua mensagem e a sua voz na rádio nada revelavam sobre as fragilidades do homem. E esse facto permitiu os Estados Unidos e ao mundo ganharem um grande líder..(O autor escreve segundo a antiga ortografia).("Até às eleições" é o mote para uma sequência de artigos de opinião, de segunda a sexta-feira, de Duarte Mexia (duarte.mexia@gmail.com), que serão publicados, precisamente, até à realização das próximas eleições Legislativas, marcadas para 10 de março.)