Não esperem ver isto nos telejornais portugueses. No início deste mês, a emissora argentina La Nación Más convidou o analista Gustavo Segré a fazer um breve resumo do estado da economia brasileira. O resultado é esclarecedor.
O PIB cresceu 1%, superando em 0,7% as expectativas do FMI. O desemprego caiu de 14,8% para 10,5%. Há nove meses que o país tem superavit fiscal, sendo que o superavit de abril foi o maior em 21 anos. A inflação é inferior ao previsto. A dívida pública está abaixo da que havia antes da pandemia; em termos brutos, 78,3% do PIB, líquidos, 57,9%. A estes dados acresce o facto de o Brasil ser o 11.º país do mundo com mais reservas internacionais, somando 357 mil milhões de dólares - ou seja, 12 vezes mais do que Portugal (29 mil milhões).
Tendo em conta as tribulações dos últimos anos, com a pandemia e a guerra, seria de esperar a débâcle de uma nação supostamente nas mãos de um louco. A realidade, todavia, mostra o contrário. Loucos são os que vociferavam "ele não!". Bolsonaro nada percebe de economia, mas teve a humildade de confiar em Paulo Guedes, que logo demonstrou saber bem o que queria e como lá iria chegar.
Apesar de não ser bolsonarista, não tenho remédio senão render-me à realidade. Os benefícios que tem trazido são evidentes. Além disso, supera de longe qualquer das alternativas viáveis. Queriam lá Lula? O cofundador do Foro de São Paulo, juntamente com o camarada Castro? Será que ainda se desconhece as ligações do mencionado Foro e da maioria dos partidos comunistas e esquerdistas da América Latina com a Rússia e a China? Defende-se a Ucrânia, na Europa, para abençoar o invasor no outro lado do Atlântico? É que basta ler as declarações do ex-presidiário sobre o tema para ficar esclarecido.
O programa de Lula não é novidade para ninguém: Corromper as classes baixas com subsídios, a troco de popularidade, roubando a classe média e média-alta por meio da tributação dos rendimentos; impor a censura disfarçada de fact-checking e luta contra as fake news; perseguir e prender opositores políticos com auxílio do Supremo Tribunal do PT (também conhecido por STF); e, por fim, colocar a nação brasileira ao serviço da revolução socialista latino-americana - uma vez mais, beneficiando a Rússia e a China.
Bem vistas as coisas, aliás, Bolsonaro corre um sério risco de não ter feito outra coisa nos últimos anos senão trabalhar para o brilhante futuro petista. Tendo em conta o contexto atual, se Lula vencer as eleições irá herdar um país com superavit fiscal, uma razoável taxa de desemprego, menos inflação do que se esperava e uma dívida controlável. Isto é, mesmo em ponto de rebuçado para estoirar tudo outra vez.
Economista e investidor