O grupo parlamentar do PCP vai propor um conjunto de obras no cais comercial de Faro, para responder ao aumento da atividade, que cresceu 25 vezes nos últimos dois anos e atingirá 400 mil toneladas em 2012.
Os melhoramentos fazem parte de um projeto de resolução que os comunistas vão apresentar na próxima semana na Assembleia da República, hoje apresentado publicamente em Faro e que visa redefinir a estratégia para os portos algarvios.
"Propomos um conjunto vasto de medidas para recuperar as infraestruturas destes portos, recuperar as acessibilidades, quer por mar quer por terra, e ligá-los ao aparelho produtivo nacional", disse o deputado Paulo Sá.
Para os comunistas, a dinamização dos portos comerciais e de pescas da região é uma forma de diversificar a economia regional, muito dependente da "monocultura do Turismo", embora ao longo das 16 páginas do projeto de resolução enfatizem o papel da atividade turística nos movimentos dos três portos comerciais da região - Faro, Portimão e Vila Real de Santo António.
No que respeita a Faro, sublinham que, a partir de 2013, o cais comercial da capital algarvia deverá constituir uma plataforma de passageiros, pois irá ser utilizado por um navio mercante de cruzeiros com capacidade para 180 passageiros e 70 tripulantes, de um armador alemão, que operará a partir do Porto de Portimão, escalando os portos de Faro/Olhão, Vila Real de Santo António e Sevilha. Contudo, o documento releva sobretudo a crescente importância do porto como plataforma exportadora da produção algarvia, sobretudo sal, sal gema, cimento, alfarroba e madeira.
No ano passado, passaram pelo porto comercial e Faro 60 mil toneladas de produtos - quatro vezes mais do que em 2010 -, número que já quase triplicou no primeiros semestre deste ano (156 mil toneladas) e até ao final do ano fixar-se nas 400 mil toneladas.
Entre outras medidas, os deputados do PCP propõem a construção de armazéns, a aquisição de gruas, o melhoramento de acessibilidades, dragagens na Ria Formosa que permitam a passagem de navios de maior calado e a extensão em mais 100 metros do atual cais de 200 metros.
Por outro lado, criticam a possível construção de um cais para a náutica de recreio na zona sul, sublinhando que o cais comercial deveria ocupar toda a frente sul da linha de margem que dá para a Ria Formosa e uma eventual marina deveria ser localizada a norte.
O PCP salienta também a importância do porto de Portimão na atividade turística e económica da região, sublinhando que por ali passaram no ano passado 59 navios de cruzeiro e 44.841 passageiros.
Para responder à tendência de crescimento, consideram que é necessário levar a cabo um conjunto de projetos, entre os quais o prolongamento do cais de acostagem, passando dos atuais 330 metros para 700 metros, dragagens na barra e a requalificação do Terminal de Passageiros, ajustando-o ao crescente número de passageiros.
Os comunistas realçam também a atividade pesqueira da região, que contribuiu com 18% ( 27.420 toneladas) para o total pescado em todo o país em 2010.
Dos portos de pesca do Algarve, destacam Olhão e Portimão, que representam 54% e 25% do volume de pescado dos portos da região, respetivamente, mas com um valor de apenas 1,1 euro por quilograma.