Especializada no transporte de mercadorias e comércio internacional e com uma rede de parcerias em mais de 90 países, a Portocargo não teve mãos a medir no auge da pandemia. A transitária registou um “inusitado” aumento na procura de serviços para transporte de material de proteção individual, equipamento médico e cirúrgico proveniente da China, obrigando a reajustar a atividade perante os fortes constrangimentos à circulação internacional de mercadorias.
A equipa de 41 colaboradores foi dividida de forma a alargar o tempo de laboração para assegurar resposta a todas as solicitações sem restrições de fuso horário, tarefa facilitada pela digitalização dos processos. A missão foi cumprida e, nestes primeiros sete meses do ano, o volume de negócios apresentou um crescimento de dois dígitos. Mas o panorama económico nacional e internacional não traz grandes expectativas a curto prazo.
“A presente crise é global, quase todas as atividades económicas estão a viver momentos de enorme incerteza”, diz Mário Sousa, administrador da Portocargo, o que impede “qualquer projeção séria” sobre o evoluir da atividade. As operações de transporte de mercadorias estão também mais difíceis e muito mais caras. Segundo adianta, verificou-se “um aumento brutal de preços” no transporte aéreo que, “em muitos casos, nomeadamente no corredor Ásia-Europa, sextuplicou durante os meses de abril e maio”, face aos praticados antes da pandemia.
O responsável lembra que a covid provocou “bloqueios sem precedentes nas operações logísticas mundiais”. Na China, que desempenhou um papel de fábrica e de fornecedora mundial de produtos médicos e sanitários, “os portos estiveram encerrados durante oito semanas e os aeroportos, após a reabertura ao tráfego de mercadorias, muito congestionados, obrigando-nos a transferir mercadorias para aeroportos situados a grandes distâncias dos locais onde as mercadorias foram produzidas”, conta Mário Sousa. Toda esta nova realidade acabou por se repercutir no aumento do custo das matérias-primas e produtos.
Um pé na Ásia
A Portocargo tem no continente asiático um dos seus principais centros de operação, destacando-se a China, Hong Kong e Macau como os mercados com maior expressão. Segundo Mário Sousa, a empresa assegura há quase três décadas a importação de um conjunto diversificado de matérias-primas e componentes da Ásia para a indústria portuguesa, assim como de produtos acabados para o setor do comércio. Em sentido inverso, a transitária tem levado granito e mármore, mobiliário, calçado, material de cortiça, produtos alimentares, vinhos e azeite. Mário Sousa assegura que tem “vindo a registar um consecutivo aumento das exportações” nacionais para este país.
No ano passado, a Portocargo registou 13,6 milhões de euros de volume de negócios. A empresa está muito centrada em operações de transporte marítimo, área responsável por cerca de 65% do volume de negócios, sem descurar o aéreo, o multimodal e o rodoviário, que representam 30% das receitas, e os serviços aduaneiros, que valem cerca de 5%.