Portugal perde atratividade para a Polónia na captação de investimento estrangeiro

Fraco crescimento, inflação elevada e instabilidade política afastaram investidores estrangeiros. Estados Unidos continuam a ser o país que mais aposta em Portugal.
O setor de Software & IT Services é o que atrai mais IDE para o país. Igor Martins/Global Imagens
O setor de Software & IT Services é o que atrai mais IDE para o país. Igor Martins/Global Imagens
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Portugal captou 221 projetos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em 2023, uma quebra de 11% face ao ano anterior, descendo para 7º lugar no ranking de atratividade dos países europeus, revela o estudo Attractiveness Survey Portugal, da autoria da consultora EY. O país caiu uma posição face ao exercício precedente e foi ultrapassado pela Polónia, que garantiu mais investimento proveniente dos EUA.

Segundo a consultora, “crescimento económico lento, inflação persistentemente elevada, preços elevados da energia e a instabilidade política nacional” foram determinantes para a perda de competitividade do país como destino de investimento externo. Ainda assim, a performance  de Portugal esteve “em linha com a diminuição registada em toda a Europa”. O Top-3 do ranking   é liderado pela França (IDE caiu 5%), seguindo-se o Reino Unido (cresceu 6%) e a Alemanha (desceu 12%).

EUA, França e Alemanha continuam a ser os países que mais investem em Portugal, representando cerca de 40% do total dos investimentos anunciados em 2023. Os norte-americanos foram responsáveis por 39 projetos (17,6% de quota global), os franceses responderam por 29 (13,1%) e os alemães por 24 (11%). O setor de Software & IT Services  foi o que mais atraiu investimento destas três geografias, totalizando 40 projetos.

A área de Software & IT Services continua a ser a que mais atrai IDE para o país. Segundo a EY, entre 2021 e 2023, Portugal foi o 4.ª país europeu a captar mais projetos (244) neste domínio. Os serviços às empresas e serviços profissionais, cujo crescimento mais do que quadruplicou em relação a 2022, são também dos mais procurados pelos investidores estrangeiros.

O relatório da EY sublinha ainda a diminuição do peso do investimento dos países europeus em Portugal, que passou de 73,4% do total de projetos em 2022 para pouco mais de metade, concretamente para 51,6%. O Brasil foi responsável por quase 7% dos investimentos anunciados no ano passado e subiu ao lote dos seis principais países de origem dos projetos de IDE em Portugal. Já a China representou apenas 0,5%, o que leva a consultora a afirmar que “a atratividade de Portugal ainda não foi totalmente reconhecida pelos investidores chineses”.

Centro ganha força

A Região de Lisboa e o Norte de Portugal mantêm o predomínio como principais destinos de IDE no país, mas registaram uma diminuição de mais de 18% no número de projetos anunciados no ano passado face a 2022. A Grande Lisboa captou 103 projetos no ano passado, menos 23 do que em 2022, e o Norte atraiu 77, menos 17. Já a Região Centro quase duplicou o número de investimentos, de 16 para 30. Os outros territórios nacionais garantiram, no seu conjunto, menos de 5% dos fluxos de IDE, com o Algarve, Madeira e Açores a verificarem ligeiros crescimentos.

Lisboa foi a cidade que mais captou projetos de IDE (97), seguida do Porto (46). Numa análise ao Top-5, há a destacar a entrada para a 3.ª posição de Braga (7 projetos), Coimbra ocupa o 4.º lugar (cinco projetos) e ainda a ascensão a esta lista da Maia (quatro projetos). A Região Norte tem agora três cidades neste ranking  mais restrito.

As competências e a disponibilidade da mão de obra são os principais fatores que influenciam a decisão de investir em Portugal. O documento conclui que os trabalhadores portugueses se distinguem por operar em múltiplos setores, entre indústrias tradicionais e serviços modernos. O conhecimento tecnológico, o ambiente fiscal e a qualidade de vida no país são também fatores distintivos para os investidores.

O EY Attractiveness Survey Portugal  avaliou a perceção dos investidores estrangeiros relativamente à atratividade do país enquanto destino de IDE com base nas respostas de 200 investidores (63% com operações em Portugal) de diferentes origens no mundo. Apesar da perda de projetos registada em 2023, depois de três anos de crescimento contínuo, a maioria dos participantes continua a achar o país atrativo para investir. Segundo o relatório, 84% dos investidores inquiridos afirmaram ter planos para estabelecer ou expandir operações no país em 2025 e 77% antecipam a melhoria da atratividade de Portugal para IDE nos próximos três anos.

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