Portugália avança com novo leasing de avião e pilotos para o verão

Este é o segundo contrato de prestação de serviços externos (ACMI) que a empresa do grupo TAP faz para responder à operação de verão. Portugália terá ainda três novos aviões do Plano de Crescimento a voar até julho. Sindicato aponta custos enquanto trabalhadores têm cortes.
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A Portugália, empresa que pertence à TAP SGPS, avançou com um novo leasing para dar resposta à operação do verão IATA (temporada que se estende de 27 de março a 30 de outubro deste ano), através da contratação de serviços externos à britânica Eastern Airways. Isto acontece depois de a companhia aérea já ter firmado um primeiro contrato para três aviões com a Bulgaria Air, no último mês de março. Esta é, portanto, a segunda vez que a transportadora recorre ao aluguer de aeronaves de outras empresas para conseguir manter os voos planeados para os próximos meses.

Com a frota reduzida devido ao atraso na entrega dos novos aviões Embraer, a Portugália recorreu a um segundo contrato ACMI (aircraft, crew, maintenance and insurance) - que prevê a entrega de aviões, tripulação, manutenção e seguros - com a transportadora aérea do Reino Unido.

A TAP confirmou ao Dinheiro Vivo o leasing de mais um avião Embraer 190, que irá operar até 31 de agosto. "O contrato com a Eastern Airways prevê a sua própria tripulação de cockpit [pilotos] e chefe de cabine próprio e tem alocados dez tripulantes da Portugália", indicou fonte da companhia portuguesa.

A TAP adiantou ainda que a Portugália alugou três aviões E190 da Bulgaria Air "que irão operar para a TAP Express até 30 de setembro". "A operação da Bulgaria Air tem a sua própria tripulação de cockpit e 52 tripulantes de cabine da Portugália", esclareceu.

A Portugália espera há meses pela entrega dos novos aviões para reforçar a frota, conforme definido no plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia. A companhia de bandeira confirmou que já recebeu três das seis aeronaves previstas no Plano de Crescimento, sendo que a primeira começou a operar na passada quarta-feira, dia 1 de junho. "Mais duas destas aeronaves entrarão em serviço até ao final de julho", adiantou a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener.

Dentro de pouco mais de um mês, a frota da Portugália ficará, desta forma, com 16 aviões, além dos quatro alugados temporariamente para o verão.

O atraso na entrega dos novos aviões foi o motivo apresentado pela Portugália para a contratação externa. Em março, quando foi realizado o primeiro contrato ACMI com a Bulgaria Air, então noticiado pela Lusa, a Portugália - que opera também em regime de leasing para a TAP - justificou que a contratação externa é o cenário que melhor serve o grupo, evitando a perda de receitas. "Não existindo capacidade (aviões) na PGA e na TAP SA para executar estas horas de voos/slots, a única solução seria não os operar e perder assim a respetiva receita e os correspondentes slots", lê-se numa nota interna enviada à data pela comissão executiva.

A fatura dos contratos referentes aos quatro aviões alugados não é conhecida. Questionada pelo Dinheiro Vivo, a TAP não adiantou pormenores sobres os valores envolvidos nas duas operações, tão pouco quis confirmar se será necessário alugar ainda mais aviões até ao final do verão.

O diretor-geral da Portugália, Valter Fernandes, assegurou, em março, então sobre o primeiro ACMI, que não iria haver uma sobreposição de pagamentos. "Quanto a custos, gostaria igualmente de vos assegurar que não há qualquer tipo de sobreposição de pagamento de rendas. Os leasings das próximas seis aeronaves só começam a produzir efeito a partir do momento da respetiva entrega e com este atraso o fim desses leasings será também protelado no tempo", indicou numa mensagem eletrónica enviado aos trabalhadores.

Interpretação diferente tem o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que antecipa que a contratação dos três aviões à Bulgaria Air possa custar oito milhões de euros. Os representantes dos pilotos tinham já apontado o dedo à empresa, lamentando os gastos adicionais referentes aos salários dos trabalhadores que vêm de fora, e que estão incluídos no pacote ACMI.

"Desta forma, os pilotos da Portugália ficarão com horas por voar, enquanto os custos globais com remunerações mais do que duplicam, dado que o recurso a tripulações externas é remunerado a valores de mercado internacional e sem reduções de salários, como aquelas a que estão sujeitos hoje os pilotos e as tripulações de cabine no grupo TAP, devido aos Acordos Temporários de Emergência em vigor", referiu o SPAC, num comunicado divulgado no final de março. A estrutura sindical alerta ainda que esta é uma "despesa extraordinária não prevista no plano de reestruturação" e que aumenta "o risco de não cumprimento das metas financeiras iniciais suportadas pelo esforço dos contribuintes portugueses".

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