A SunEnergy vai expandir a operação para o mercado espanhol já neste ano, confirmou ao Dinheiro Vivo o presidente executivo da empresa de Coimbra especializada em energias renováveis, que fornece serviços em sistemas energéticos fotovoltaicos e na área da mobilidade.
"Temos em vista a internacionalização para o mercado espanhol", revela Raul Santos. A empresa ainda está numa fase de avaliação daquele mercado energético, mas a entrada no país vizinho é uma meta definida para 2022. "É expectável que a SunEnergy já possa estar no mercado Espanhol, em 2022. Temos esse objetivo", clarifica.
O CEO da SunEnergy explica que Espanha, de uma dimensão "muito maior que o mercado português", tem "algumas boas oportunidades" para players como a SunEnergy. "E já temos pessoas a estudar o mercado para identificar oportunidades", adianta.
Raul Santos conta que a forma de abordagem a Espanha ainda não está fechada. A entrada no mercado vizinho ou ocorrerá através de uma parceria ou através de um investimento próprio. "Se bem que, quando demos este passo de identificar oportunidades no mercado espanhol, foi por iniciativa própria. De qualquer forma, não excluímos a possibilidade de estabelecer parcerias com quem nos possa ajudar a crescer no mercado espanhol", sublinha o gestor.
Receita nos dez milhões em 2022
O objetivo de entrar no mercado espanhol reflete uma vontade de afirmação e consolidação da empresa coimbrã, que só é possível pela progressiva robustez da operação da SunEnergy em Portugal. A empresa foi criada em 2011 com 300 mil euros de capitais próprios e faturou no primeiro ano dois milhões. Dez anos volvidos a empresa registou o volume de negócios mais elevado desde que abriu portas: oito milhões de receitas em 2021, mais 60% face a 2020, suportados por um aumento da procura de soluções renováveis pelo segmento empresarial e pelo setor público (Estado) - as áreas de maior peso no desenvolvimento do negócio desta energética, embora a SunEnergy já registe um "peso interessante" nos particulares.
O acelerado crescimento reforça a confiança do gestor no futuro, embora reconheça que repetir a subida do último ano seja mais difícil em 2022. Mas Raul Santos afirma-se "moderadamente otimista", apesar dos efeitos da pandemia, da "incerteza" sobre o conflito latente Ucrânia-Rússia, que "pode causar constrangimentos nas cadeias de abastecimento", e também pela evolução da inflação.
O gestor estima receitas a rondar os dez milhões de euros, neste ano, o que proporcionará uma aceleração entre 25% e 30%. "Será um crescimento do volume de negócios bastante interessante".
A aposta em Espanha será, provavelmente, residual na aceleração prevista das receitas em 2022. A principal alavanca será o mercado português. "Contamos que a procura continue a ser robusta no mercado nacional", nota Raul Santos, indicando que as soluções mais apetecíveis continuarão a ser "projetos de autoconsumo em painéis solares para produção de energia elétrica". O gestor nota ainda que a procura por soluções renováveis são cada vez mais alavancadas pelos preços da energia, que estão "em níveis historicamente altos", levando a que "a procura por soluções de autoconsumo, num país como o nosso, cresça". Acresce a influência dos temas da sustentabilidade, uma "exigência das sociedades" e uma "motivação" para aumentar a procura por ofertas renováveis.
Raul Santos não avançou um número concreto, mas, em 11 anos de história, as soluções da SunEnergy "seguramente" já servem "mais de mil lares". Um número que deverá subir em 2022, uma vez que a empresa prevê instalar, pelo menos, 30 mil painéis fotovoltaicos ao longo do ano.
Nesta contabilidade entra um projeto "muito interessante", de mil quilowatts (1 MW), no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, cujo início da atividade está para breve. Em causa está a instalação de mais de três mil painéis solares num único parque de estacionamento.
"Este projeto vai representar uma parte significativa da energia total que o hospital necessita para o dia-a-dia, mas com energia renovável. Está praticamente a funcionar, falta só resolver uma questão técnica do lado do hospital para podermos ligá-lo", conta.
O parque de estacionamento em causa é de uso dos profissionais do Santa Maria e contará também com até sete postos de carregamento para veículos elétricos.
Mobilidade e hidrogénio em cima da mesa
A mobilidade é outra área de atuação da SunEnergy. No início deste ano, a empresa instalou o primeiro hub de carregamento de veículos elétricos, em Leiria. Seguir-se-ão novos postos de carregamento em Guimarães, Matosinhos, Viseu, Coimbra, Loures e Loulé. "Esta é uma área em que acreditamos que vai contribuir para o crescimento do nosso volume de negócios em 2022", realça.
Mas há mais áreas a desenvolver. "Estamos a olhar para a área do hidrogénio, a tentar ganhar conhecimento e competências", revela o CEO da SunEnergy, indicando que a ideia surge face a uma tendência mundial, aliás refletida no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português, ao abrigo do qual a empresa está a "apoiar" clientes.
A SunEnergy emprega hoje cerca de 70 pessoas, mas espera recrutar mais 15 a 20 profissionais neste ano. A par desse recrutamento, há planos para abrir mais delegações da empresa no país. Já tem escritório em Coimbra, Braga, Marinha Grande, Mafra, Cascais, Sesimbra, Setúbal, Albufeira e Faro. As novas localizações não estão fechadas, mas devem ser abertas mais cinco delegações, em novas regiões do país.
"Não tenho dúvidas de que 2022 será um ano muito desafiante, mas acredito que a nossa equipa estará à altura do desafio", conclui.