Portugueses aliviados com queda dos juros recuperam mercado para níveis de 2022

A venda de casas ganhou força no segundo trimestre deste ano, período em que se transacionaram mais de 37 mil unidades. Em simultâneo, os preços voltaram mais uma vez a subir, desta vez, 7,8%.
Na Grande Lisboa, foram vendidas 7031 casas, num investimento acumulado de 2,5 mil milhões de euros. Paulo Spranger/Global Imagens
Na Grande Lisboa, foram vendidas 7031 casas, num investimento acumulado de 2,5 mil milhões de euros. Paulo Spranger/Global Imagens
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O mercado imobiliário português está a dar sinais de recuperação. Entre abril e junho deste ano, foram vendidas 37 125 casas, o que traduz um crescimento de 10,4% face ao mesmo período de 2023 e uma clara inversão da tendência de quebra que se vinha a verificar há 15 meses consecutivos. Nem a subida homóloga de 7,8% no preço das casas no segundo trimestre travou este movimento, indicando que a confiança dos portugueses está a recuperar com a descida dos juros no crédito à habitação e da taxa de inflação.  

Aliás, este é o “primeiro aumento (homólogo) do número de transações desde o segundo trimestre de 2022”, indicou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE) na análise trimestral do mercado habitacional. É também a primeira vez que ultrapassa a fasquia média das 34 mil transações verificadas ao longo dos últimos cinco trimestres. Com isto, o valor dos negócios de venda de casas ascendeu a 7,9 mil milhões de euros no segundo trimestre deste ano, mais 14,1% face ao registado em igual período de 2023.

As casas usadas representaram quase 80% do total transacionado, ou seja, venderam-se 29 630 unidades, um crescimento homólogo de 10,6%, tendo gerado um volume de vendas de 5,7 mil milhões de euros (mais 14,8%). O preço destas soluções habitacionais - dominantes no mercado - acabou por sofrer um aumento de 8,3%. Também as casas novas apresentaram uma boa procura. No segundo trimestre deste ano, foram vendidas 7495 habitações prontas a estrear, um crescimento de 9,8%, com as vendas a gerar 2,2 mil milhões de euros (mais 12,2%). Neste caso, a subida de preço foi mais contida no trimestre em análise, fixando-se nos 6,6%.

Crónica falta de oferta

Como se pode verificar, o aumento de 7,8% no preço das casas entre abril e junho (mais 0,8 pontos percentuais que no trimestre anterior) foi fortemente impulsionado pela habitação usada, o que se justificará pela crónica falta de oferta no mercado. Na comparação em cadeia (entre o primeiro e o segundo trimestre de 2024), o preço da habitação no país cresceu 3,9% - muito superior aos 0,6% observados no início do ano. Neste caso, potenciado quer pela habitação existente (aumentou 3,9%) quer pela nova (3,8%). O custo dos terrenos e dos fatores de produção da construção (mão-de-obra, matérias-primas e materiais) respondem parte destes aumentos.

Na Grande Lisboa, foram vendidas 7031 casas (18,9% do total das vendas), num investimento acumulado de 2,5 mil milhões de euros. Na região Norte, concretizaram-se 10 995 transações (29,6% do total), que geraram um volume de negócios de 1,9 mil milhões de euros. O Centro registou a compra de 5885 casas, o que corresponde a um valor de 733 milhões de euros. Na Península de Setúbal, foram adquiridas 3523 habitações, por 752 milhões de euros.

Em número de transações, seguiram-se o Oeste e Vale do Tejo, com 3475 operações, que representaram um investimento de 508 milhões de euros, e o Algarve, com 2836 vendas, cujo custo global foi de 912 milhões de euros. No Alentejo, foram absorvidas 1945 unidades, que geraram 227 milhões de euros. As vendas de alojamentos na Região Autónoma da Madeira ascenderam a 836 unidades, perfazendo 189 milhões de euros, quase o dobro dos 95 milhões registados na Região Autónoma dos Açores, onde se contabilizaram 599 operações.

Vendas a estrangeiros caem

Fruto de uma maior confiança na economia, as famílias adquiriram 31 948 casas (86,1% do total) entre abril e junho, o que corresponde a um crescimento de 11,2% em termos homólogos. O valor total despendido atingiu os 6,7 mil milhões de euros, mais 16,4%. Já entre os compradores estrangeiros verificou-se uma ligeira retração, com as vendas a caírem 2,8%, para um total de 2464 habitações. Esta quebra foi influenciada pela menor procura por parte dos investidores provenientes de países externos ao espaço europeu, fenómeno a que não será alheio o fim dos vistos gold.

Os cidadãos europeus adquiriram 1242 habitações, um crescimento homólogo de 5,8% e o primeiro desde o terceiro trimestre de 2022. Na categoria de domicílio fiscal “restantes países”, registaram-se 1222 transações, uma redução de 10,2%. As vendas a cidadãos estrangeiros valeram 3,3% do número total de operações neste período.

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