
As famílias estão mais otimistas com a conjuntura económica este ano e preveem alargar o orçamento despendido na quadra festiva que se avizinha. Em média, os portugueses tencionam gastar 272 euros no período de Natal, um aumento de 27% face a 2023. Este é o valor mais elevado dos últimos três anos, segundo os dados do estudo Observador Cetelem Natal, cedidos ao DN.
Depois de um corte de 10% nos gastos com presentes, mercearias e decoração da época no ano passado, os consumidores voltam a abrir a carteira no mês de dezembro. Ainda assim, o valor médio que os consumidores preveem gastar este ano continua abaixo do registado em 2021, de 299 euros.
As despesas extra desta época são, maioritariamente, supridas com recurso ao subsídio de Natal. 70% dos inquiridos revelam recorrer a este rendimento adicional para fazer face aos gastos: 36% referem utilizar uma parte significativa, 26% asseguram só gastar uma pequena parte, 13% não vão utilizar e 8% assumem que utilizam, mas que é insuficiente.
Olhando para a década anterior ao período pandémico, foi em 2011 que os portugueses mais se socorreram do subsídio de Natal (82%). Do lado oposto, o valor mínimo surge em 2018, com apenas 45% dos inquiridos a admitir fazer uso do “13.º mês” para os encargos da época, esclarece o centro de estudos sobre consumo e de acompanhamento económico do BNP Paribas Personal Finance.
Numa leitura mais fina às intenções de consumo, 40% percecionam que irão gastar menos este ano face ao último Natal (54% em 2023), 49% irão gastar o mesmo (36% em 2023) e 8% vão gastar mais. Os gastos são mais elevados entre o sexo masculino, com os homens a investir, em média, 300,26 euros nas despesas festivas, superando os 247,32 euros estimados pelas mulheres. Olhando para a faixa etária, são os mais velhos, com idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos, que irão gastar mais, cerca de 377,12 euros. Já os jovens, entre os 18 e os 24, são os que consideram custos mais baixos no Natal, de 175,94 euros.
A fatura do fim de ano também será mais pesada, com os portugueses a prever gastar, em média, 103 euros, mais 26% em comparação com 2023. Uma franja dos inquiridos, 18% (+2%), planeia viajar nesta altura do ano e desembolsar mais 12%, destinando, em média, 323 euros para entrar em 2025 de malas feitas. A maioria opta por fugas em Portugal (73%) e há menos portugueses (-5%) a escolher o estrangeiro.
Portugueses mais otimistas e confiantes
A maior disponibilidade para gastos este ano surge num contexto económico mais favorável para as famílias. 25% dos participantes neste inquérito avaliam o ano de 2024 como “muito positivo”, o que representa um aumento de 9% face ao ano anterior. Há menos portugueses , 30%, a avaliar a situação económica atual como pior do que há um ano (37%) e 16% consideram-na “muito melhor” (12% em 2023). Numa análise por género, os homens assumem uma situação mais favorável: 19% consideram a sua situação económica melhor este ano e 26% referem estar pior, valores cima dos indicados pelas mulheres - 17% e 33%, respetivamente.
Numa análise ao mapa nacional, o Porto lidera com a maior percentagem de inquiridos a apontar 2024 como um ano melhor, ao contrário do Sul e Ilhas que se destacam com a maior fatia de participantes (38%) que dizem estar numa situação económica pior.
Já sobre o futuro, 46% dos portugueses estão otimistas e acreditam que 2025 será ainda melhor. “Provavelmente, a estabilidade económica e o alívio de algumas restrições no orçamento familiar expliquem esta confiança renovada, fruto de algum abrandamento da inflação e descida da Euribor, com impacto no crédito habitação, que estarão certamente a proporcionar um maior alívio nos seus orçamentos e uma consequente recuperação do poder de compra, perspetivando a continuação dessa melhoria no próximo ano”, explica Hugo Lousada, responsável de marketing do Cetelem. O especialista adianta que, considerando este cenário mais otimista, “os portugueses sentem maior segurança financeira para planearem o Natal e o ano novo”.
Compras online sobem
Dos mil inquiridos pelo Observador Cetelem Natal, a grande maioria (96%) irá oferecer presentes de Natal. A liderar o topo das preferências estão os objetos pessoais (58%), como roupa, relógios e perfumes. Os presentes de crianças (55%) apresentam-se como a segunda categoria que arrecada maior investimento na lista de presentes, seguindo-se as bebidas, os chocolates e os cabazes (43%).
As compras de Natal continuam a ser feitas maioritariamente em lojas físicas (85%), mas há cada vez mais consumidores a optar pelo comércio online, com a intenção de compra a subir 13% este ano. “Os resultados deste inquérito confirmam esta tendência, uma vez que há um aumento na percentagem de pessoas que planeia fazer as compras de Natal online, atingindo 63%. Este crescimento reflete a consolidação do comércio digital na rotina dos consumidores e uma cada vez maior confiança no processo de entrega, considerado seguro, mesmo em períodos de maior afluência como o Natal”, diz Hugo Lousada.
No que respeita à jornada das compras de Natal em lojas físicas, metade dos inquiridos avalia a experiência como positiva, mas 36% consideram-na confusa ou desagradável. Aumentar o número de caixas de pagamento e o pessoal para apoio são as medidas mais mencionadas para reduzir a confusão nas lojas durante este período do ano.
Metade dos portugueses quer viajar em 2025
Com o novo ano à espreita, desenham-se já os objetivos e metas para os próximos meses. Para metade dos portugueses, 46%, viajar ocupa o topo lista das prioridades. Fazer remodelações em casa (29%) e comprar equipamentos eletrónicos e tecnológicos (18%) são os projetos que completam o top 3 para 2025.
“O desejo de viajar pode ser visto como um reflexo do otimismo e da prioridade que os portugueses estão a dar ao bem-estar e ao lazer. Após um período de maior incerteza económica e de algumas restrições, como as vividas na pandemia, há uma tendência crescente para valorizar experiências e momentos. Este comportamento poderá ser influenciado por maior estabilidade financeira e também porque as viagens e lazer oferecem um retorno emocional imediato”, justifica o porta-voz da Cetelem.
Os grandes investimentos surgem apenas a partir do meio da lista. Comprar casa, um carro novo ou usado estão nos planos apenas de cerca de 10% dos inquiridos. “Os custos associados à compra de habitação, que em Portugal têm sido crescentes, são de outra ordem de grandeza. Os custos relacionados com a compra de habitação permanecem elevados e, por isso, fora dos planos de uma fatia significativa da população”, nota Hugo Lousada.