Portugueses, ingleses e espanhóis dão fôlego às reservas de verão na hotelaria com preços mais caros

Fazer férias este verão vai pesar mais no bolso. Maioria dos hoteleiros perspetiva uma subida das tarifas face ao ano passado e estima um aumento das receitas. A Madeira e os Açores são os destinos mais procurados com reservas acima da média nacional. Alentejo está no lado oposto.
As ilhas da Madeira e Açores estão no topo das preferências para as férias deste verão. FOTO: Gerardo Santos/Global Imagens
As ilhas da Madeira e Açores estão no topo das preferências para as férias deste verão. FOTO: Gerardo Santos/Global ImagensAs ilhas da Madeira e Açores estão no topo das preferências para as férias deste verão. FOTO: Gerardo Santos/Global Imagens
Publicado a

Ainda é cedo para afirmar que o turismo conseguirá ter o seu melhor ano de sempre e superar os resultados de 2023. Desde a pandemia que o setor encara a operação com cautela e se recusa a grandes prognósticos antes do final do jogo. Mas os indicadores conhecidos até agora, e que continuam em trajetória ascendente, entregam um bom augúrio aos empresários desta atividade económica.

Do lado dos hoteleiros, as projeções para o verão são otimistas com reservas, na média nacional, já a superar a fasquia dos 50% e com uma perspetiva de preços mais elevados, segundo os dados recolhidos até ao final do mês de maio pela  Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) junto de 378 estabelecimentos associados. “Globalmente, é muito positiva a expectativa da nossa hotelaria para a época alta, mas há ainda muito espaço para crescer”, garantiu ontem a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, durante a conferência de apresentação do “Inquérito AHP Balanço da Páscoa & Perspetivas Verão 2024”.

Este espaço para crescer será ocupado pelas reservas last minute, tendência que permanece robusta na hora de marcar férias. E um olhar para os próximos três meses confirmam-no: junho é já o mês com mais reservas, com 70% dos inquiridos a indicar uma taxa de reserva entre os 50% e os 89%, e em julho e agosto, 67% e 63% dos hotéis, respetivamente, dizem ter uma taxa de reserva entre os 20% e os 69%. 

Ilhas lideram

Quando olhada à lupa, a análise da AHP revela diferentes cenários no mapa nacional. E o primeiro que salta à vista é a liderança das ilhas portuguesas nas preferências dos turistas para as férias. Entre junho e agosto, a maioria dos hoteleiros inquiridos da Madeira e dos Açores confirmam ter a casa quase cheia, com uma taxa de reserva entre os 70% e os 89%.

E a procura pelos arquipélagos estende-se já ao pós-verão, com mais de metade dos inquiridos nos Açores (71%) a reportar taxas de reserva superiores a 70% em setembro. Na Madeira, a quase totalidade regista taxas acima dos 50%.
Do lado oposto, no fundo da tabela, o Alentejo é o destino com menos reservas concretizadas para os próximos dois meses, com uma taxa de reserva que não ultrapassa os 19%.

No caso do Algarve, as reservas médias de junho e julho situam-se entre os 50% e os 69% e, em agosto, caem para uma taxa de 20% a 69%. Já a Norte, junho é o mês mais composto, para já, com reservas entre os  50% e os 69%. Em julho e agosto a taxa de reserva é inferior a 50%.

Preços continuam a subir

Se no capítulo das reservas ainda há margem para crescer até ao final do verão, o dossiê das contas parece não deixar grandes dúvidas ao hoteleiros. A grande maioria (72%) afiança que o preço médio por noite neste verão será melhor face ao ano passado e 5% responde que será “muito melhor”.

As tarifas mais caras vão dar impulso às receitas finais, com 68%dos estabelecimentos a perspetivar um aumento homólogo nos proveitos totais - que somam ao alojamento os outros gastos inerentes à estada dos turistas, como restauração, lavandaria, entre outros serviços - e nos proveitos de aposento, que respeitam apenas às dormidas.

Nos restantes indicadores,  89% dos inquiridos estimam que a taxa de ocupação será igual ou melhor à do ano passado, com o Centro e a Península de Setúbal a serem os mais otimistas. Por fim, a estada média será igual ou melhor para 94% dos inquiridos, com destaque para a Península de Setúbal e para a região Oeste e Vale do Tejo, onde mais de metade perspetiva que seja melhor.

Ainda assim, e apesar dos indicadores favoráveis para as tesourarias das empresas, o presidente da AHP alerta que a equação dos ganhos está a ser pressionada pelo aumento dos custos. “O custo da mão-de-obra está bastante mais caro, há as taxas de juro e os encargos financeiros. A grande interrogação é se os encargos nos vão permitir manter o mesmo nível de resultados”, questionou Bernardo Trindade.

Portugueses no top 3 de reservas

E quem serão os turistas que vão encher os hotéis neste verão? Nesta matéria, e sem grandes novidades, os mercados tradicionais mantêm-se na linha da frente. O mercado doméstico é apontado por 73% dos inquiridos como um dos três principais para este verão.

O maior desejo de viajar e o aumento dos preços parece não tirar o apetite aos portugueses nas férias cá dentro. “Portugal é indicado em todos os destinos  [como um dos três principais mercados] e isto é muito saudável. Um destino turístico maduro tem sempre o turismo interno como um fortíssimo mercado de procura”, salienta Cristina Siza Vieira.

A representante dos hoteleiros desconstrói também a ideia de que os portugueses estão a fugir do país na época alta devido aos preços. “Os portugueses continuam a sair imenso para o estrangeiro, as agências de viagens sinalizam-no. E quem vai para fora não vai só em busca de destinos mais baratos, mas de experiências até mais caras das que temos para oferecer aqui”, aponta.

Nos emissores estrangeiros, o Reino Unido e a vizinha Espanha foram apontados por  52% e 45% dos hotéis, respetivamente, como estando no top dos três principais clientes. Já os turistas dos Estados Unidos ocupam pódio de 38% dos estabelecimentos nacionais, nas regiões de Oeste e Vale do Tejo, na Grande Lisboa, no Alentejo e nos Açores. 

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt