Portugueses são os mais sensíveis ao preço nas compras online

Estudo mostra que 71% dos consumidores portugueses que fazem compras regulares pela internet acreditam que comprar online é uma forma de poupar dinheiro. Artigos de moda, de beleza e saúde e de calçado são os mais comprados pela internet
Portugueses são os mais sensíveis ao preço nas compras online
Artur Machado / Global Imagens
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Os consumidores portugueses são os mais sensíveis ao preço nas compras online, comparativamente a outros países europeus, indica um estudo divulgado nesta quarta-feira.

De acordo com o Barómetro e-Shopper 2023 da Geopost, que se assume como líder europeu em entrega de encomendas e soluções para o comércio eletrónico, 71% dos consumidores portugueses que fazem compras regulares pela internet acreditam que comprar online é uma forma de poupar dinheiro, contra os 65% da média europeia. "Números que refletem o impacto da inflação na carteira dos portugueses, para quem o preço é o fator mais importante nas suas decisões de compra (76%), ou para quem procura estar sempre atento a um bom negócio (79%)", destaca o estudo.
 

E há outras razões igualmente relacionadas com o preço que os portugueses valorizam mais, como as entregas gratuitas (49%), a não existência de taxas escondidas adicionadas ao preço final do produto (28%) e a devolução gratuita (22%). Espanha (61%), China (58%) e Reino Unido (33%) foram os países onde os portugueses mais compraram online.

 

"É claro o impacto que a inflação teve no comportamento de consumo dos portugueses em 2023. Se o preço já era uma grande preocupação para o mercado local, os números agora apresentados mostram-nos um contexto onde esta preocupação com o melhor negócio possível se espelha em várias dimensões, desde o cuidado em comprar em períodos em que os descontos são mais expressivos – como a Black Friday e os saldos – até websites e apps estrangeiras como forma de comprar sempre mais barato",  diz o CEO da DPD Portugal, Olivier Establet.

 

Depois de um decréscimo no número de consumidores portugueses a recorrerem ao e-commerce em 2022, este parâmetro voltou a crescer em 2023, passando de 66% para 71% do total da população, mais ainda abaixo da média europeia, que se situa nos 76%. Os compradores regulares - todos os que compraram pelo menos uma categoria de produto online por mês - são apenas 42% dos e-shoppers, e que recebem, em média, quatro encomendas por mês. Na Europa, a média de compradores regulares é de 48% e fazem mais de cinco compras online por mês.

Os artigos de moda (59%), de beleza e saúde (51%) e de calçado (41%) são os mais comprados online pelos consumidores portugueses. Já os livros (36%) e a tecnologia/eletrónica (26%) foram as únicas categorias que registaram uma quebra face ao ano anterior.

Para Olivier Establet, a distância dos hábitos de compra online dos portugueses face aos europeus constitui um “enorme potencial de desenvolvimento”, mas, para isso, é preciso que os retalhistas nacionais acelerem a sua aposta no online, de modo a “capturarem o potencial [de desenvolvimento] que existe” neste mercado, de modo a que “Portugal se torne num país com uma média de consumo próxima da Europa”.

A preferência pela compra no estrangeiro, que os portugueses justificam com a obtenção de “melhores negócios” no estrangeiro (73%), a inexistência dos produtos ou marcas pretendidos em plataformas nacionais (34%) ou o facto das opções entrega e devolução para compras além-fronteiras se terem tornado “mais simples e mais transparentes” (15%) - é, também, um sinal de que os retalhistas nacionais têm de fazer mais.

O CEO da DPD Portugal acredita que parte da explicação está precisamente na falta de um “player digital puro” no país. “Os operadores portugueses não vendem só online, o que significa que têm de ter uma estratégia equilibrada, que lhes permita não perderem a oportunidade do e-commerce ao mesmo tempo que têm que rentabilizar os investimentos feitos na sua infraestrutura de retalho fixo. Esse tipo de equilíbrio não existe nos operadores que só vendem online e isso acaba por se notar até na agressividade das políticas de marketing e nas iniciativas de promoção que, em Portugal, estão muito longe de outros mercados”, sublinha

O estudo, que contemplou mais de 24 mil entrevistas em 22 países, entre 31 de maio e 19 de julho, das quais 1.006 em Portugal, mostra, ainda, que as compras online entre particulares está a crescer. "Apesar de Portugal continuar a totalizar uma percentagem inferior à registada na Europa no que toca ao número de consumidores que utilizam plataformas C2C (60% em Portugal versus 72% na Europa), a verdade é que 1/3 dos e-shoppers regulares a nível nacional indicam ter aumentado as compras de produtos em segunda-mão, uma tendência confirmada pelo incremento da frequência de compra dos que compram em plataformas C2C: 48% dos e-shoppers regulares revelam comprarem nestas plataformas, fazendo-o, em média, 11 vezes por ano (mais 3 vezes que em 2022)", pode ler-se no relatório.

Quanto aos motivos que levam às compras em segunda mão, a questão do custo surge à cabeça: 65% dos inquiridos dizem ser mais barato do que comprar artigos novos, enquanto 42% invocam questões de sustentabilidade, considerando que esta tipologia de comércio "apoia uma economia mais responsável". As redes sociais têm um papel importante neste tipo de transações, sendo usadas por 8 em cada 10 e-shoppers.

Notícia atualizada com declarações do CEO da DPD Portugal, Olivier Establet, ao Dinheiro Vivo

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