O preço do quilo do frango pago pelos talhantes a fornecedores subiu 1,50 euros nas últimas três semanas. Já o novilho, há um mês, custava 4,40 euros o quilo e agora está nos 6,40 euros. São exemplos avançados por Marinela Lourenço, presidente da Associação dos Comerciantes de Carne do Concelho de Lisboa e Outros, para ilustrar que "todas as semanas tem havido aumentos transversais" a todo o tipo de carne, desde o frango ao novilho, do porco a outras aves.
Na próxima semana, a dirigente da associação estima uma subida "vertiginosa" nos preços das carnes, na ordem dos 20 a 30 cêntimos por quilo, um valor que cada operador refletirá no consumidor de acordo com o seu entendimento. "Todas as semanas temos de fazer novos preçários. Daqui a três meses, é provável que haja uma redução da oferta", estima Marinela Lourenço.
No caso dos ovos, num mês, ficaram 30% mais caros, segundo Paulo Mota, presidente da Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos. A causa da subida nem tem tanto a ver com o custo das matérias-primas, que "não está a ser refletido no consumidor", mas com a escassez mundial decorrente da gripe das aves.
Já o pão chega ao mercado agravado pelo custo da farinha, 20% mais alto, e com faturas da eletricidade e do gasóleo que duplicaram em pouco tempo - como descreve Helder Pires, da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares. Ouvidos os importadores de farinhas e cereais, o dirigente assegura que se antecipa a manutenção do fornecimento, embora mais caro.
António Fontes, presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte, fala de uma "situação extremamente preocupante" para o setor e confirma que já houve necessidade de fazer atualizações às tabelas desde o início do ano.
Domingos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas, nota que os custos de produção elevaram-se na ordem dos 30 a 35%, em média, nos últimos dois a três meses, mas lamenta não conseguirem ser ressarcidos desses custos pelo comércio.
No entanto, do lado da Associação Portuguesa da Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral, garante que "o setor não está a agravar margens" e nota que a guerra apenas veio acentuar uma subida que já se tinha iniciado em dezembro, focada nas farinhas, cereais e massas. Nos próximos três a quatro meses, como dissera na terça-feira, numa conferência, os bens alimentares deverão subir 30%, em média, com base em estudos da OCDE e da associação europeia de retalhistas.