Após cinco trimestre consecutivos de abrandamento nos preços, o valor do metro quadrado no concelho de Lisboa cedeu. Pela primeira vez, num período de cinco anos , o preço da habitação da capital do país recuou no primeiro trimestre deste ano, caindo 1,1%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No arranque deste ano, o custo mediano das vendas de metro quadrado para alojamento no concelho de Lisboa ficou nos 3296 euros, menos 1,1% que os 3333 euros de um ano antes, e também menos 2,4% que o valor de 3377 euros registado no trimestre anterior.
Apoiado pela procura estrangeira e por restrições na oferta, o custo de habitar em Lisboa vinha crescendo em contínuo, com os preços a atingirem o pico da aceleração em 2018, ano em que cresceram acima dos 20% ao longo dos quatro trimestres. Mas, os valores começaram a abrandar antes mesmo do início da pandemia, no trimestre final de 2019, para recuarem agora, naquele que foi um trimestre severo de confinamento e de grave situação sanitária no país.
Os dados do INE mostram que em 14 de 24 freguesias de Lisboa houve uma descida dos valores medianos de venda. O maior recuo atinge a freguesia da Misericórdia, que inclui Bairro Alto, Chiado e Bica, onde o metro quadrado caiu 14,3%. Mas, mesmo ao lado, as freguesias mais caras de Lisboa, Santo António e Santa Maria Maior, viram ainda os preços crescer 1,6% e 6,7%, respetivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Por ordem, as maiores descidas em termos de variação homóloga ocorreram nas freguesias de Misericórdia, Santa Clara (-12,4%), Campo de Ourique (-7,9%), Marvila (-6,9%), Alcântara (-6,4%), Lumiar (-6,1%), Avenidas Novas (-5,7%), Alvalade (-5,7%), Penha de França (-4,2%), Parque das Nações (-3,9%), São Domingos de Benfica (-3,1%), Benfica (-2,2%), Beato (-2,1%) e Ajuda (-0,3%).
Em sentido contrário, os preços subiram em Carnide (12,9%), Arroios (8,1%), Santa Maria Maior, Olivais (5,4%), Belém (3,1%), Campolide (2,4%), São Vicente (2%), Santo António e Areeiro (1,4%). Por fim, estagnaram na freguesia da Estrela.
Os dados locais do INE não reportam o número de transações a nível local. Outra publicação, o índice de preços de habitação, cujos últimos números foram conhecidos a 23 de junho, dava conta de uma quebra de 4,7% no número de vendas de casas no conjunto dos concelhos da Grande Lisboa.
A capital do país surge agora num grupo de 62 concelhos nacionais, sobretudo do interior, onde o preço mediano da habitação caiu, de acordo com cálculos do DN/ Dinheiro Vivo a partir da base de dados atualizada do Instituto Nacional de Estatística.
Já na periferia de Lisboa, os preços sobem, com o concelho de Palmela a liderar aumentos na Área Metropolitana, registando um crescimento de 19% no valor do metro quadrado. Mafra e Seixal são os concelhos seguintes onde os preços mais sobem (15%), à frente de Barreiro, Moita e Setúbal (14%); Sintra, Almada e Vila Franca de Xira (13%); Amadora (10%); Odivelas (9%); Loures e Oeiras (8%); Montijo (6%); e Cascais (5%).
Em contraste com a evolução de Lisboa, no Porto - e mesmo com crescimentos consideráveis nos concelhos periféricos - o imobiliário para habitação contraria a desaceleração de preços desde o terceiro trimestre do ano passado, e no início deste ano voltou mesmo a ver o valor mediano do metro quadrado acelerar. Segundo os dados do INE, o preço das casas vendidas no Porto crescia 19,2% no primeiro trimestre, face ao mesmo período do ano passado, para uma mediana de 2233 euros por metro quadrado. Contra o trimestre anterior, o aumento era de 4,2%.
Por freguesias, Campanhã tinha a maior subida (38%); seguida de Paranhos (23,3%); Ramalde (20,4%); Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória (16,2%); Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (10,2%); Lordelo do Ouro e Massarelos (9,6%); e Bonfim (3,8%).
Mas, os restantes concelhos da área metropolitana também veem subir preços, começando por São João da Madeira (19%). Oliveira de Azeméis, Trofa e Valongo registam aumentos de 16%; seguidos de Espinho (15%); Vila Nova de Gaia (14%); Vila do Conde e Paredes (13%); Matosinhos e Gondomar (12%); Santa Maria da Feira (11%); Maia (10%); Póvoa de Varzim (9%); Arouca (8%); Vale de Cambra (5%); e Santo Tirso (1%).