
O preço médio de venda de habitação foi, no 1.º trimestre, de 1644 euros o metro quadrado, uma subida homóloga de 5%. Indica o Instituto Nacional de Estatística (INE) que o preço das casas aumentou em 19 das 26 sub-regiões NUTSIII , com especial destaque para o Baixo Alentejo, que registou o maior crescimento: +28,5%. Uma tendência que, acreditam os especialistas em imobiliário, se irá agravar, graças à previsível descida das taxas de juro e do desfasamento entre a oferta e a procura.
“O grande fator de pressão no mercado, neste momento, é a falta de oferta, que não só não está a ser resolvida como, aparentemente se está a agravar, com o aumento da procura”, diz o responsável da Confidencial Imobiliário. Ricardo Guimarães recorda que não só a construção de novos fogos se mantém em níveis “muito baixos”, como há, até, uma diminuição dos licenciamentos, fruto das medidas anunciadas pelo Governo, nomeadamente o IVA a 6% para a construção: “É uma medida que foi anunciada no programa eleitoral e no Programa do Governo, mas que só se sabe que entrará em vigor algures durante a legislatura, o que está a levar a um adiamento de projetos à espera da descida deste imposto.”
Para o responsável, a alteração ao IVA da construção deveria ter sido feita de modo a funcionar como fator de aceleração nos projetos, bastando para isso que a redução fosse anunciada como estando em vigor apenas temporariamente. “O prémio estaria do lado de quem acelerasse o investimento e não de quem o atrasasse”, diz.
Por outro lado, as iniciativas que pretendem facilitar o acesso dos jovens à habitação vêm também colocar mais pressão no mercado, mais uma vez por falta de oferta. Ricardo Guimarães estima que, no final do ano, poderemos estar com uma subida média homóloga dos preços na ordem dos 7%.
O presidente da APEMIP, a associação dos mediadores imobiliários, acredita também numa tendência de agravamento, até porque, lembra que os concelhos que partem de patamares de valor mais baixos têm sido alvo de novos fluxos de procura, registando subidas mais significativas. Os 28,5% de aumento no Baixo Alentejo são disso exemplo. “Os novos modelos de trabalho à distância fazem com que tenhamos cada vez mais pessoas à procura de casa em concelhos que partem de um patamar de preço mais baixo”, refere Paulo Caiado.
Indica ainda o INE que os preços aceleraram em 14 dos 24 municípios mais populosos, com especial destaque para o Funchal (+17,6 pontos percentuais), Porto (um acréscimo de 3,6 pontos), e Lisboa (+0,5 pontos percentuais). O Município de Lisboa tem o preço mais elevado de todos, com 4190 euros/m2, seguido de Cascais e Oeiras, com 3881 euros/m2 e 3281 euros/m2, respetivamente.
Na Grande Lisboa e na Área Metropolitana do Porto, o preço mediano das transações efetuadas por compradores com domicílio fiscal no estrangeiro superou em 82,3% e 47,5%, respetivamente, o preço das transações por compradores com domicílio fiscal em território nacional.