A guerra na Ucrânia está a fazer um ano, mas as suas consequências perduram. Em especial no que toca à alimentação. Se em fevereiro do ano passado um cabaz com 63 alimentos essenciais custava 183,63 euros, praticamente 12 meses depois custa 228,66 euros, ou seja, mais 45,03 euros. Ou seja, um aumento de 24,52%..A análise é da Deco Proteste que desde janeiro de 2022 começou a monitorizar os preços e que avança ser este o valor mais alto desde que começou a analisar as oscilações de valores..Segundo a associação de defesa do consumidor, a 23 de fevereiro do ano passado comprar peixe custava 60,31 euros, a carne rondava os 32,24 euros, as frutas e legumes essenciais para uma família andavam pelos 23,60 euros e os laticínios custavam 11,48 euros. Já uma seleção de produtos congelados ficava em 13,85 euros e a despesa com as mercearias andava à volta de 42,15 euros..Atualmente, comprar peixe pode significar uma despesa de 76,59 euros e os laticínios de 14,61 euros. Foram estas as categorias que mais aumentaram percentualmente no espaço de um ano..Por artigos, a Deco Proteste refere que aqueles cujos preços mais subiram neste último ano foram a polpa de tomate, o arroz carolino e o carapau. "No top dos que mais aumentaram encontram-se, ainda, a couve-coração, a alface frisada, a pescada fresca, o açúcar branco, o azeite virgem extra, a cebola e a cenoura", detalha ainda a associação em comunicado..Numa análise mais concreta, a Deco Proteste explica que um cabaz com diferentes tipos de carne pode agora custar 39,60 euros, contra os 32,25 euros despendidos antes de a guerra começar. O que representa um aumento de 22,81%. "O bife de peru, as costeletas de porco e o frango inteiro são os três produtos que mais viram o seu preço subir, custando agora 7,86 euros por quilo, 5,67 euros por quilo e 2,84 euros por quilo, respetivamente", expõe..Também os produtos congelados não param de aumentar. Aqui existiu uma subida de mais de 14%, com o valor dos douradinhos de peixe, medalhões de pescada e ervilhas ultracongeladas a poder ser agora de 15,73 euros, mais 1,88 euros do que há um ano..Já uma cesta com 14 frutas e legumes tinha um custo de 23,60 euros, a 23 de fevereiro de 2022. "O valor mais alto foi atingido esta semana, a 15 de fevereiro, com o custo total da cesta de compras desta categoria a subir para 29,43 euros, mais 24,67% (mais 5,82 euros) do que há um ano", revela a defesa do consumidor, que explica ainda que estes produtos têm sofrido aumentos constantes..No departamento dos laticínios, em sete produtos, quatro aumentaram mais de 28%, com o preço do leite gordo a registar um crescimento de 43%, sendo que em antes de a guerra começar custava 68 cêntimos. Agora tem o preço de 97 cêntimos..Como frisa a Deco Proteste, os preços dos alimentos não acompanham descida da taxa de inflação, que de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), há já três meses tem vindo a registar ligeiras descidas. "Esta quebra, contudo, tarda em chegar aos preços dos alimentos, que, como revelam os dados da DECO PROTESTE, continuaram em rota ascendente nas primeiras semanas de 2023", diz a associação, que apela a uma "maior transparência na cadeia de abastecimento para que os consumidores entendam qual a justificação para o aumento dos preços de determinados produtos alimentares"..E, pede ao Governo que adote "um papel mais ativo no acompanhamento da evolução dos preços da alimentação, seja em termos legislativos, seja através da ASAE, para exigir maior transparência quer à produção agroalimentar quer ao setor da distribuição".