Preço dos fretes marítimos caiu 80% em 2022.

Diretor da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal aponta fatores como a retração do consumo e o fecho de fábricas fechadas na China para a diminuição de valores.
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O preço dos fretes marítimos desceu no ano passado. De acordo com o Global Container Index - que fornece a média das taxas de frete das 12 grandes rotas marítimas mundiais - no final de 2022 o custo do transporte via contentor tinha uma cotação de 2246 dólares, contra os 11109 dólares de setembro de 2021. Ou que indica uma quebre de 80%.

Segundo o Negócios (notícia de acesso pago), e de acordo com o diretor executivo da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (Agepor), António Belmar da Costa, a "descida "abrupta" e mais rápida do que o expectável nos fretes marítimos tem a ver com um forte ajustamento da oferta e da procura". A sua causa? Para além da "queda muito acentuada da procura" assistiu-se a uma "maior oferta com a entrada de novos navios no mercado".

E isto, "se em teoria são boas notícias, já que o peso do custo do transporte perde alguma proporção no custo final dos produtos, tornando-os um pouco mais acessíveis, o que está na origem desta queda abrupta são péssimas notícias". Na génese está a retração do consumo, o escoamento de stocks elevados, relocalização da produção e também a política zero covid , com fábricas fechadas, na China. Tudo estes fatores levaram a uma redução súbita da procura de transportes.

"Pode-se dizer que se formou uma outra tempestade perfeita, que agora, no sentido contrário, acaba por penalizar toda a economia", diz António Belmar da Costa, que ainda acrescenta à lista a guerra na Ucrânia e o aumento dos preços energéticos.

No entanto, aquele responsável diz que o impacto desta descida de preços nas empresas vai ser pouco, uma vez que "o custo do transporte no custo final para a generalidade das mercadorias e produtos não é muito significativo".

Para este ano, Belmar da Costa acredita que "a energia, o custo das matérias-primas, a inflação e a taxa de juro vão ser os grandes protagonistas e os responsáveis pelo que 2023 virá a ser", para além das "muitas nuvens que dificilmente não se traduzirão em dificuldades para todos".

E embora admita o regresso aos preços dos fretes aos níveis de pré-covid, alerta que "será sempre pelos piores motivos". "A acontecer seria mau para toda a economia. Precisamos de fretes justos e equilibrados para que todos (oferta e procura) possam beneficiar das vantagens e "aportes" do comércio internacional".

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