A cibersegurança tornou-se um dos temas mais críticos do nosso dia-a-dia e a melhor forma de nos podermos preparar é sabermos de antemão quais são as principais ameaças, qual a sua origem e o que podemos fazer para evitarmos essas ameaças.
Como empresa tecnológica do setor dos pagamentos, a segurança é desde sempre uma prioridade e, por isso, ao longo dos últimos anos, temos incrementado as nossas competências internas e alargado o leque de serviços que prestamos à nossa rede de parceiros e de clientes para que a segurança seja transversal à cadeia de valor desta indústria, que é crítica para a economia global.
As nossas soluções de cibersegurança combinam tecnologia preditiva instantânea baseada em IA e os recursos analíticos de que dispomos para podermos oferecer uma solução singular e uma proteção mais rápida, inteligente e eficaz contra o ciber-risco. Além disso, respondem aos desafios de inovação que as alterações nas preferências dos consumidores, a rápida transformação digital e as mudanças geopolíticas estão a criar ao mundo empresarial, mas também à sociedade como um todo. Ou não fosse a chamada engenharia social (a par do ransomware e do malware) a principal porta de entrada utilizada pelos cibercriminosos.
Contudo, o atual contexto económico é, também, extremamente desafiante e é preciso trabalharmos em conjunto para que os decisores de grandes, pequenas e micro empresas consigam encontrar as condições, as ferramentas e os processos mais adequados para fazerem evoluir os seus negócios e o crescimento das suas organizações no mundo digital.
Hoje, o trabalho à distância, as subscrições de serviços online ou na cloud e o e-commerce tornaram-se comuns e os ganhos de eficiência fazem com que muitos ativos de negócio estejam já a ser geridos remotamente. Todos estes fenómenos implicaram, também, que a segurança tivesse de ser alargada muito para além do habitual perímetro das organizações e, agora, com um foco maior na cibersegurança e na gestão de riscos.
Se recuarmos dez anos no tempo, vemos que a adoção de smartphones era uma fração do que é hoje, a banda larga não era considerada uma utilidade necessária e a Netflix estava nos primeiros dias do seu negócio de streaming. E comparando com os dias de hoje, a evolução é enorme. A exposição dos consumidores e das empresas ao mundo digital deixou de ser um nice-to-have para se tornar num must-have e, com isso, cresceram, também, os desafios da cibersegurança. Mas, com o tempo, a expectativa é que essa tendência continue. Muito em breve, estaremos a lidar com o chamado comércio conversacional ou comércio social, isto é, comércio em que a compra é feita, não num market place, mas numa rede social, como é o caso da solução que desenvolvemos com o Whatsapp no Brasil, em que uma conversa pode acabar numa transação e num pagamento, mesmo que essa conversa seja com um bot. E neste tipo de operação vai ser fundamental assegurarmos que a transação e o pagamento são seguros e feitos de forma simples e conveniente.
É para sabermos enfrentar estes desafios que lançámos em 2020, o Centro Europeu de Ciber-Resiliência, um centro de cibersegurança state-of-the-art para promover a colaboração entre os setores públicos e privados, assim como com organismos de regulação, e para apoiar a resiliência corporativa na Europa.
Este centro é um instrumento para aprendermos a lidar com as ameaças ao ecossistema de pagamentos europeu, nomeadamente às instituições financeiras e às fintechs e, a partir daí, podermos oferecer as recomendações adequadas.
Trata-se de um hub único de cibersegurança para a região ao reunir um conjunto diverso de talentos da comunidade global e de diferentes stakeholders de ciberinteligência de toda a Europa e ajudar a promover as melhores práticas de prevenção e mitigação do cibercrime internacional e outras ameaças de segurança mais abrangentes.
Na verdade, perante um inimigo silencioso, astuto, e que pode ser altamente destrutivo, o que é mesmo fundamental é que todos trabalhemos em conjunto para sermos mais ciberseguros e podermos preservar, não só a economia, mas, sobretudo a segurança do nosso dia-a-dia.
Maria Antónia Saldanha, country manager da Mastercard Portugal