Em declarações ao Dinheiro Vivo, António Comprido, presidente da APETRO, explica que prever os preços dos combustíveis é quase tão difícilcomo adivinhar os números do Euromilhões e diz que os consumidores estão a pagar a volatilidade dos mercados. Consegue-se perceber qual vai ser o preço dos combustíveis em Setembro?
É impossível fazer previsões desse género. Já era difícil e agora ainda mais. É como perguntar quais vão ser os números do Euromilhões daqui a duas semanas. Mas porquê?
Porque os mercados financeiros, que estão agora muito voláteis, têm muito peso na formação dos preços. O petróleo está em bolsa e sofre das mesmas vicissitudes que as acções. E os consumidores estão a pagar essa volatilidade. Pode dar exemplos?
Se continuarem as quedas em bolsa e continuar a haver receios de recessão, então o petróleo tende a descer. Mas se houver uma importante decisão económica, por exemplo do Presidente dos EUA, Barack Obama, então os preços podem logo subir. O sector do petróleo está, portanto, mais volátil e a mudar?
Antes, a gasolina subia sempre no Verão porque havia mais consumo, muito por causa do turismo. O gasóleo subia mais no Inverno por causa dos aquecimentos. Isso hoje está diferente. Consome-se mais gasóleo na Europa, tanto no Verão como no Inverno e, depois, a China assumiu-se como um dos principais mercados, com uma enorme procura e consumo. E há ainda a infuência dos mercado financeiros. Mas isso é porque os preços dos combustíveis são definidos com base na cotação do petróleo...
Hoje transaccionam-se mais barris em papel do que físicos, o que me repugna um pouco. É o primado dos mercados financeiros sobre a economia real. Não há outra forma de estabelecer os preços?
É muito difícil. Teria de ser uma entidade internacional, mas iria levantar muitas questões. Há várias sugestões, como fixar o preço do petróleo por um determinado período de tempo, mas isso também seria um sistema complicado. Fixar os preços artificialmente é difícil num mercado mundial.