A EDP foi a primeira. Os 21,35% que o Estado detinha foram entregues à China Three Gorges por 2,7 mil milhões de euros, deixando para trás na corrida uma empresa brasileira e uma alemã.
Seguiu-se depois a REN, a empresa que gere as redes de eletricidade e gás do país. Neste caso o Governo entregou 40% do capital a duas empresas, à China State Grid e à Oman Oil, tendo encaixado 582 milhões de euros. Mais tarde, precisamente este ano, o Estado vendeu os 11% que ainda tinha, mas em bolsa, permitindo a entrada de vários investidores, estrangeiros e portugueses.
O mesmo se passou com os CTT que também foram totalmente vendidos em bolsa, em duas fases, pelo que não é possível saber a nacionalidade da maioria dos investidores. Na primeira fase foram vendidos cerca de 70% da empresa e o encaixe foi de 579 milhões e na segunda fase venderam-se os restantes 30% que renderam 343 milhões. Tudo junto dá 922 milhões de encaixe.
Também este ano ficou concluída a privatização de 80% da Fidelidade, os seguros da Caixa Geral de Depósitos, que foram ganhos pelos chineses da Fosun, e ainda da HPP (Hospitais Privados de Portugal), também do universo CGD, empresa que foi comprada pelos agora norte-americanos da Amil.
Falta ainda a ANA, a gestora dos aeroportos nacionais, que foi entregue à francesa Vinci por 3,08 mil milhões, o maior encaixe de todas as privatizações realizadas por este Governo.
Quer isto dizer que, das empresas privatizadas, a maioria foi ganha por empresas chinesas, mas há também norte-americanos e franceses. Mas não fica por aqui. Há novamente norte-americanos, neste caso os da Apollo que deverão ficar com a seguradora Tranquilidade, do grupo Espírito Santo, e há ainda a possibilidade da Espírito Santo Saúde - Hospital da Luz e outros - ser vendida ao grupo mexicano Angeles, mas o processo ainda está em curso e há uma empresa portuguesa na corrida; o grupo Mello, dono dos hospitais da CUF.
Está ainda a faltar a TAP e a CP Carga e as concessões das empresas públicas de transportes, mas nestes casos há mais empresas nacionais interessadas do que nos outros processos já concluídos, como na EDP ou na REN em que nem sequer havia portugueses na corrida.
Encaixe ascende a 9,4 mil milhões
A conclusão da venda da EGF eleva o encaixe já conseguido pelo Estado com os vários processos de privatização para 9,4 mil milhões de euros, disse o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, ontem no briefing após o Conselho de Ministros. "Um valor substancialmente mais elevado que cinco mil milhões de euros inicialmente previstos", comentou.