Problemas familiares

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Em vez de escrever artigos sobre mortos-vivos, o pai devia era escrever sobre o que se passa com a minha disciplina de Matemática". Diz-me uma das minhas filhas. O que se passa é que neste ano ainda não teve aulas de uma das disciplinas mais importantes da área que escolheu, e a escola não sabe quando poderão começar.

O professor está de baixa, a escola coloca anúncios, os professores que aparecem recusam os horários e o processo volta ao início. Os procedimentos que a escola é obrigada a seguir são demorados, e as semanas vão passando. Os pais protestam e pagam - os que podem - explicações. No fim do ano terão exame e a nota será importante para decidir o acesso à universidade, ou seja, para o futuro dos alunos. Os mais desfavorecidos são os mais prejudicados.

Isto, que acontece num dos principais liceus de Lisboa, multiplica-se pelo país devido à falta de autonomia das escolas públicas. No colégio privado da irmã não há problemas destes.
Não está em causa a proteção dos professores doentes, que deve ser assegurada pela segurança social, mas o direito à educação.

Há uns meses, ligou-me uma prima, "tu devias era escrever sobre a Lei das Rendas", e explicou. A mãe é dona de uma moradia com jardim na melhor zona do Porto, mas a renda que recebe não chega para pagar o lar onde está acamada, mesmo com a comparticipação da segurança social.
O inquilino, que beneficia da proteção da Lei das Rendas e paga muito abaixo do valor de mercado, é médico, dono de uma clínica e de uma propriedade rural. Mas, como tem mais de 65 anos e arrenda a casa há décadas, a minha prima, que vive num T0, nada pode fazer. Não está em causa o direito à habitação, mas a injustiça de obrigar proprietários pobres a oferecer o que lhes faz falta a inquilinos ricos por falta de uma alteração à lei.
E continuam a dizer que as nossas leis são boas e não devem ser alteradas quando há problemas...

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