Processo BES

A fiscalização e o controlo nos offshores é entregue à OCDE, onde os seus países mais poderosos são os "donos" dos paraísos fiscais mais importantes
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Pela multiplicidade de entidades envolvidas (empresas do Grupo Espírito Santo, nacionais e estrangeiras, e outras), pela diversidade de regiões (Luxemburgo, Suíça, Dubai, Panamá, Caimão, Reino Unido - Londres e Jersey -, com grandíssima importância dos paraísos fiscais; pelos crimes envolvidos na nossa legislação (associação criminosa, corrupção activa e passiva no sector privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e colectivas), envolvendo um “um valor superior a onze mil e oitocentos milhões de euros” e pelo impacto na sociedade que a falência do grupo BES teve, e tem, sobre as condições económico-sociais de todos nós, no passado, presente e futuro; sobre a forma de encarar a vivência em sociedade e na democracia, que prezamos; na importância e percepção da corrupção nas esferas públicas, associado à crescente relevância das elites, económicas, sociais e políticas, na criminalidade organizada, podemos dizer que o tempo decorrido desde o início do processo não foi excessivo, embora essa seja a percepção generalizada.

Contudo, se compararmos o tempo decorrido entre um qualquer acontecimento geograficamente delimitado com o coronavírus e a sua divulgação universal e correspondentes actuações, no processo BES/GES constatamos uma demora imensa, quase "infinita", em resultado das decisões políticas assumidas:

Conhecendo pessoalmente ambos será de perguntar: será que a mestranda é mais inteligente que o Governador do Banco de Portugal? A pergunta é inadequada mas não creio que tal acontença. São muitos dos conflitos de interesse que delimitam a visão desse regulador e isso tem de ter custos para quem assim se comporta.

Carlos Pimenta, sócio fundador do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF)

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